Um dos principais focos da investigação em curso é o assessor parlamentar Lino Rogério da Silva Furtado, que ocupava o cargo de chefe de gabinete do deputado federal Afonso Motta (PDT-RS). Até o momento, o deputado não é um dos investigados. A Polícia Federal alega que Lino Rogério estava envolvido na negociação de desvios de emendas com o lobista Cliver Fiegenbaum. Os recursos originalmente alocados para o hospital Ana Nery, localizado no interior do Rio Grande do Sul, seriam os principais alvo das irregularidades.
Durante a apuração, foi descoberto um contrato estabelecido entre o hospital e uma empresa associada a Fiegenbaum, que previa uma comissão de 6% a ser paga ao lobista sobre as emendas parlamentares. Os valores desviados ultrapassam a quantia de 500 mil reais. Após o desencadeamento da operação, o deputado se reuniu com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para discutir a situação. Afonso Motta declarou que nunca teve qualquer envolvimento em questões dessa natureza e que sempre buscou apoiar os hospitais por meio das emendas.
A operação, denominada “Emendafest”, recebeu autorização do ministro do Supremo Tribunal Federal, Flávio Dino. Na semana anterior, o ministro havia convocado o Congresso e a Advocacia-Geral da União para fornecer esclarecimentos sobre as emendas. O desenrolar deste caso reforça as demandas do magistrado por maior transparência e rastreabilidade dos recursos liberados.
Atualmente, existem pelo menos 20 investigações relacionadas a desvios em emendas de senadores e deputados federais em andamento no STF. O primeiro caso a ser julgado ocorrerá no dia 25 deste mês e envolve três deputados do PL. Josimar Maranhãozinho e Pastor Gil, ambos do Maranhão, além de Bosco Costa, de Sergipe, são acusados pela Procuradoria-Geral da República de solicitar R$ 1,7 milhão a um prefeito do interior do Maranhão em troca da liberação de R$ 6,7 milhões em emendas para a cidade. Os deputados, por sua vez, negam as acusações.
Além disso, um deputado do PSOL prestou depoimento à Polícia Federal sobre alegações de irregularidades relacionadas a emendas, enquanto outro deputado defende a inocência de um assessor que foi acusado de desvio de emendas. Recentemente, a Polícia Federal também encontrou celulares escondidos no forro de um teto durante as investigações. A nova liderança do Congresso, no entanto, enfatiza que pretende manter o controle sobre a distribuição de recursos. Hugo Motta, junto com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), abordou a questão em encontro realizado na Granja do Torto com o presidente Lula.