quinta-feira, fevereiro 6, 2025
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PALAVRAS ANTIGAS DECODIFICADAS: “NOJO” SURGE EM PERGAMINHO MILENAR

Pesquisadores estão atualmente envolvidos na decodificação de um pergaminho antigo que faz parte de um conjunto de documentos carbonizados durante a erupção do Monte Vesúvio, ocorrida em 79 d.C. Este artefato, que está armazenado nas Bibliotecas Bodleian da Universidade de Oxford, no Reino Unido, é o quinto pergaminho de Herculano que está sendo desenrolado virtualmente como parte do Desafio Vesúvio, uma iniciativa destinada a acelerar a decodificação desses documentos que oferecem uma valiosa coleção de informações sobre as civilizações da Roma e Grécia antigas.

Utilizando inteligência artificial e outras técnicas computacionais para reconstituir o pergaminho e realçar a tinta, a equipe do Desafio Vesúvio conseguiu gerar as primeiras imagens do texto contido no manuscrito, identificado como PHerc. 172. Conforme informações divulgadas pela biblioteca, a interpretação das colunas de texto já foi iniciada, e uma das primeiras palavras traduzidas foi o termo grego antigo διατροπή, que se traduz como “nojo” e aparece em duas colunas do texto.

A colaboração entre bibliotecários, cientistas da computação e estudiosos do período clássico é celebrada como um momento significativo na história. Richard Ovenden, bibliotecário da Bodley e Diretor Helen Hamlyn das Bibliotecas da Universidade, destacou a importância dos avanços tecnológicos, que possibilitam a visualização de pergaminhos que permaneceram não lidos por quase dois milênios.

O desafio de decifrar esses pergaminhos está relacionado ao fato de que qualquer tentativa de desenrolá-los manualmente poderia levar à sua destruição, eliminando os vestígios de escrita. Brent Seales, professor de ciência da computação na Universidade de Kentucky e cofundador do Desafio Vesúvio, observou que o pergaminho de Oxford, entre todos os escaneados até o momento, apresenta o texto mais recuperável, com a composição química da tinta sendo mais visível nas análises de raio-X. Acredita-se que a tinta possa conter um componente mais denso, como chumbo, embora testes adicionais sejam necessários para determinar a sua composição exata.

Apesar das descobertas promissoras, os pesquisadores reconhecem que ainda há muito trabalho a ser realizado no aprimoramento das técnicas de software para possibilitar a leitura completa deste e de outros pergaminhos de Herculano. Seales comentou que o maior desafio tem sido a remoção virtual das camadas dos documentos e a distinção entre a tinta e o papiro carbonizado, a fim de tornar as inscrições em grego e latim legíveis. As técnicas de aprendizado de máquina empregadas não estão decifrando o texto, mas sim amplificando a legibilidade da tinta utilizada.

A transcrição e tradução do texto final dependerão de estudiosos humanos, incluindo aqueles da Universidade de Oxford. Os pesquisadores estão continuamente refinando as imagens do pergaminho na expectativa de que isso melhore a clareza das linhas de texto visíveis e talvez revele a parte interior do pergaminho carbonizado, onde o título da obra pode estar conservado.

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