2 abril 2025
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Paraguai Convoca Embaixador no Brasil Após Suspeita de Ataque Cibernético

O Paraguai convocou seu embaixador no Brasil, Juan Ángel Delgadillo, para consultas e solicitou explicações ao embaixador brasileiro em Assunção, José Antônio Marcondes, em decorrência de uma suposta ação hacker atribuída ao governo brasileiro. A chancelaria paraguaia também anunciou a suspensão de todas as negociações do novo Anexo C do Tratado de Itaipu Binacional até que o Brasil forneça esclarecimentos sobre a alegada operação. O chanceler Rubén Ramírez Lezcano caracterizou o incidente como uma violação do direito internacional, destacando a intromissão de um país nos assuntos internos do outro.

De acordo com o governo paraguaio, o ministério da Tecnologia da Informação e Comunicação do país está conduzindo uma investigação sobre a suposta invasão ao sistema paraguaio que teria ocorrido entre 2022 e março de 2023. essas datas foram mencionadas como o período durante o qual a operação teria sido autorizada sob o governo de Jair Bolsonaro. O ministro da Tecnologia da Informação e Comunicação, Gustavo Villate, questionou se houve vazamento de dados, intervenções em comunicações de autoridades governamentais ou vigilância a altos funcionários do Paraguai, enfatizando que o governo paraguaio busca explicações do Brasil.

Villate também ressaltou que, devido à gravidade da situação, as negociações do Anexo C estão suspensas indefinidamente, sendo essencial restaurar a confiança na relação bilateral. O ministro destacou a importância desse tratado, que envolve a maior hidrelétrica do mundo e que pode impactar significativamente o futuro do Paraguai. Na segunda-feira (31), o Ministério das Relações Exteriores do Brasil contradisse a alegação de que a gestão atual, liderada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, estivesse envolvida em ações hackers contra o Paraguai para obter informações sobre negociações bilaterais relacionadas à Usina Hidrelétrica de Itaipu.

A manifestação do governo brasileiro foi feita após a divulgação de uma reportagem que indicava a formação de uma operação de invasão de sistemas informáticos do Paraguai ainda sob o governo de Jair Bolsonaro, com continuidade na gestão atual e supervisão do diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Luiz Fernando Corrêa. A Polícia Federal investiga a situação no âmbito de um inquérito denominado “Abin paralela”, onde depoimentos de funcionários da agência mencionam uma ação hacker direcionada ao Paraguai. Um dos servidores da Abin relatou o uso das táticas em um depoimento à Polícia Federal em novembro do ano passado; outro servidor também relatou informações semelhantes.

Os depoentes afirmaram que um software de invasão chamado Cobalt Strike foi utilizado para comprometer dispositivos de informática do governo paraguaio. A ferramenta é projetada para ataques cibernéticos e teria sido utilizada para coletar dados relacionados às negociações da energia gerada pela Usina Hidrelétrica de Itaipu. Os depoimentos indicaram que os ataques não teriam se originado do Brasil, mas sim de operações realizadas em locais como Chile e Panamá, após a criação de usuários virtuais nessas regiões. Uma fonte da cúpula da Polícia Federal mencionou a necessidade de determinar se o atual diretor da Abin estava ciente e consentiu com a operação em questão.

A Usina Hidrelétrica de Itaipu é situada na fronteira entre Brasil e Paraguai, simbolizando a cooperação bilateral. O “Tratado de Itaipu”, assinado em 1973, estabeleceu as normas para a construção da Usina, incluindo a distribuição equitativa da energia gerada entre os dois países. Recentemente, em fevereiro deste ano, Brasil e Paraguai concordaram em firmar, até maio, um novo Anexo C do tratado, que aborda as condições financeiras para a comercialização da energia hidrelétrica, especificamente as tarifas pagas pelas partes.

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