1 abril 2025
HomeNegóciosPatria Lança Kamaroopin e Igah no Segmento de Secundárias

Patria Lança Kamaroopin e Igah no Segmento de Secundárias

A gestora Patria está estabelecendo uma nova área denominada High Growth, que combina as operações das gestoras Kamaroopin e Igah. Pedro Melzer e Pedro Faria foram designados como co-CEOs dessa nova vertente. O setor inicia suas atividades com cerca de US$ 500 milhões sob gestão e tem como objetivo permitir à Patria realizar investimentos maiores em um contexto onde o capital para growth é limitado no Brasil.

Além das estratégias anteriormente adotadas por Igah e Kamaroopin na área de venture capital, o Patria High Growth introduz dois novos mandatos. O primeiro focará na organização de single deals estruturados, que permitirão acessar não apenas o capital dos dois fundos, mas também a ampla base de investidores da Patria. Segundo Melzer, isso possibilitará a análise de transações individuais com valores entre US$ 50 milhões e US$ 100 milhões, embora a participação de um dos fundos seja opcional.

O Patria High Growth também contará com um fundo de fundos, com o intuito de atuar como LPs (limited partners) em gestoras de venture capital, adquirir participações secundárias e realizar co-investimentos. Melzer esclarece que não está nos planos a participação em special situations, legal claims ou search funds. Para implementar essa nova estratégia, o Patria iniciou discussões para a captação de um novo fundo, cuja meta de arrecadação não foi especificada, mas que deve atingir “centenas de milhões de reais”.

O objetivo declarado é alcançar US$ 1 bilhão sob gestão em um curto período de tempo, conforme revelado por Faria. As marcas Kamaroopin e Igah serão descontinuadas, tendo sido adquiridas em 2021 e 2022, respectivamente, o que marca a entrada da Patria no setor de venture capital, uma área em que antes não atuava. Faria menciona que a nova identidade “High Growth” evidencia esta transformação, enquanto a história das gestoras anteriores será mantida nos fundos.

Não houve alterações nas teses de investimento que eram conduzidas pelas gestoras anteriores. Atualmente, a Igah está levantando seu quarto fundo, visando US$ 130 milhões, enquanto a Kamaroopin, com dois fundos, planeja lançar seu terceiro fundo em 2026. A tese de venture capital da Igah se concentra em investimentos em seed e séries A e B, com cheques variando de US$ 1 milhão a US$ 20 milhões. Por sua vez, a área de growth da Kamaroopin se dedica a investimentos em setores como saúde, e-commerce, techfin e educação, com cheques a partir de US$ 20 milhões.

Na nova fase, foram formadas equipes dedicadas por linha de produto: uma para venture capital, outra para growth e uma terceira para novas iniciativas, que incluem o fundo de fundos e os single deals. O comitê de investimentos foi unificado, garantindo a participação de ambos os Pedros em todos os processos decisórios.

O portfólio da nova vertical inclui empresas como Unico, avaliada em US$ 2,6 bilhões; CRMBonus, com valuation de R$ 2,2 bilhões; e diversas outras que integravam o portfólio da Igah, como Conexa Saúde e Hashdex. Empresas da Kamaroopin como dr.consulta, Zenklub, Consorciei, StartSe e Petlove agora também fazem parte do Patria High Growth.

A fusão das gestoras e a expansão para novas áreas proporcionam ao Patria High Growth um maior potencial para competir por transações de maior valor, especialmente diante de gestoras que têm realizado investimentos mais robustos, como General Atlantic e Riverwood Capital. O capital destinado a operações de growth, principalmente em rodadas a partir da série B, diminuiu consideravelmente desde 2022, após um período de alta liquidez que favoreceu as startups em 2020 e 2021.

Um estudo realizado pela Kamaroopin em 2023 indicou uma expectativa de escassez de US$ 2,4 bilhões para as startups brasileiras. Faria comenta que a situação se agravou, desafiando as expectativas iniciais de uma recuperação moderada em 12 a 18 meses. Além disso, muitos fundos de venture capital se encontram em processos de desinvestimento e enfrentam dificuldades para retornar capital aos investidores, o que pode representar oportunidades para aquisições de participações em busca de liquidez.

A gestora Spectra, que opera com mais de R$ 7 bilhões sob gestão, operava sem concorrência significativa nessa área, mas a entrada do Patria deverá intensificar a competição. Melzer destaca que a falta de liquidez é um desafio no mercado e reafirma a preparação do Patria para se posicionar como um dos principais players nesse segmento.

A unificação das áreas de venture capital e growth reflete uma estratégia que Patria vem adotando desde seu IPO em janeiro de 2021, quando teve captação de US$ 625 milhões na Nasdaq. Desde então, a gestora, que já tinha forte atuação em private equity e infraestrutura, começou a diversificar suas operações para alcançar a meta de US$ 50 bilhões sob gestão. Ao longo dos últimos quatro anos, a Patria adquiriu diferentes gestoras e se aventurou em setores como crédito, public equities e imóveis, evidenciando sua busca por crescimento. A aquisição da gestora de real estate VBI e os fundos imobiliários do Credit Suisse culminaram na unificação sob a marca Patria Real Estate, formando uma equipe robusta com R$ 24 bilhões sob gestão no Brasil e mais de R$ 12 bilhões na América Latina.

NOTÍCIAS RELACIONADAS
- Publicidade -

NOTÍCIAS MAIS LIDAS

error: Conteúdo protegido !!