Em uma entrevista sobre mudanças climáticas, um especialista do Instituto de Física da Universidade de São Paulo destacou que a noção de “clima normal” não se aplica mais. O programa abordou a crescente frequência de eventos climáticos extremos. O cientista observou que, anteriormente, era viável planejar a agricultura com previsibilidade em relação às épocas de plantio e colheita, mas essa prática tornou-se muito mais complicada na atualidade.
Com um aumento de apenas 1,5 °C na temperatura global, há uma desorganização do sistema climático, conforme ressaltou o especialista. Ele enfatizou que, se as emissões de gases de efeito estufa continuarem como estão, e levando em conta os compromissos dos países estabelecidos no Acordo de Paris, a projeção para a temperatura média da Terra é de um aumento de 3,1 °C até o final do século. Essa média global, segundo ele, implica que nações como o Brasil, especialmente em áreas continentais, podem experimentar um aumento de temperatura na faixa de 4 °C a 4,5 °C.
Esse cenário de aquecimento poderá resultar em cidades brasileiras enfrentando temperaturas extremas, como 47 °C, de forma recorrente. O especialista alertou ainda sobre o aumento na intensidade e frequência de eventos climáticos extremos, afirmando que fenômenos que antes ocorriam uma vez a cada 50 anos podem se tornar 39 vezes mais comuns se o aquecimento atingir 4 °C, além de serem cinco vezes mais intensos. Ele concluiu sua fala reforçando que as situações climáticas observadas atualmente são um verdadeiro exemplo do que o futuro reserva, de acordo com as previsões do painel intergovernamental sobre mudanças climáticas.