quarta-feira, fevereiro 5, 2025
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PAULO BORGES CELEBRA 30 ANOS DE INOVAÇÃO NA SPFW

Quando Paulo Borges fundou a São Paulo Fashion Week em 1995, o enfoque inicial não era apenas sobre a realização de um evento, mas sim sobre a criação de um espaço para organizar a indústria, criadores e o mercado brasileiro dentro de um calendário de lançamentos, similar ao que ocorria nas semanas de moda internacionais. O objetivo era promover coesão e expressão coletiva, desassociando-se da mera ideia de uma feira de consumo.

A proposta abrangia uma visão mais ampla, ao diferenciar-se de eventos focados na comercialização, como a Feira Nacional da Indústria Têxtil. A aspiração de longo prazo era enfatizada, uma vez que criar algo significativo exige tempo e colaboração. A São Paulo Fashion Week, ao longo de três décadas, desempenhou um papel crucial na promoção e desenvolvimento do setor de moda, unindo diversos profissionais da área. Com sua conclusão programada para 2025, um balanço do histórico da SPFW é relevante para refletir sobre seu impacto.

Na década de 1970 e 1980, estilistas já estavam se unindo em grupos para aumentar sua visibilidade, enquanto a indústria têxtil promovia eventos para fortalecer o setor. A inovação da SPFW consistiu em um modelo colaborativo, que buscava construir uma cultura de moda que incluía conhecimento sobre os processos, a comunicação na indústria e o público-alvo. O modelo proposto por Cristiana Arcangeli, ao transformar o evento Phytoervas Fashion em algo maior, ajudou a catalisar esse movimento.

Era notável a organização em torno do calendário de moda que começou no primeiro semestre de 1995, resultando em um patrocínio de dez anos com o Shopping Morumbi. O sucesso do evento se deu pela participação ativa de estilistas, agências, maquiadores e jornalistas, formando uma rede colaborativa que possibilitou a transformação da moda no Brasil.

Contudo, a colaboração atualmente se apresenta como um desafio. Embora as dinâmicas individuais possam levar a inovações, a falta de um esforço coletivo pode enfraquecer a indústria. A fragmentação na moda, que busca se expandir e acelerar, pode comprometer a coesão necessária para enfrentar questões comuns, como o fornecimento de materiais e a legislação fiscal, que diferem em cada estado. A desorganização do setor, embora já exista por conta de múltiplas vozes, ainda apresenta oportunidades que poderiam ser melhor exploradas em uma estrutura mais unificada.

As particularidades do mercado também se refletem na comunicação com as marcas. Ao lançar a SPFW, foi identificado que um modelo similar ao de Nova York, baseado em altas taxas de participação, poderia excluir muitos criadores emergentes. A visibilidade das marcas deveria ser a prioridade, ao invés de um modelo que privilegia apenas os grandes. A SPFW sempre buscou um patrocínio que beneficiasse a todos, com foco especial no apoio aos estilistas.

A distribuição do auxílio financeiro segue diretrizes que evoluem com o tempo, considerando a realidade do mercado e o orçamento disponível. A seleção de quem recebe apoio financeiro é flexível, com valores estipulados com base em análises recorrentes, levando em conta a estrutura e necessidade das marcas no contexto atual.

A trajetória da SPFW, projetada para 30 anos, culmina em 2025 e possui paralelos com os desafios que a moda brasileira enfrenta hoje. Nos anos 90, havia uma necessidade de encontrar um caminho para o desenvolvimento do setor, que lidava com questões econômicas e de acesso à informação. Atualmente, as incertezas políticas e econômicas lembram essa época, evidenciando um ciclo de repetição de desafios na busca por uma evolução contínua na moda e na sua relação com o mercado.

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