sexta-feira, janeiro 31, 2025
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Pentágono pode ser orientado a utilizar Guantánamo para…

“Temos 30 mil leitos em Guantánamo para abrigar os piores criminosos que representam uma ameaça ao povo americano”, afirmou um membro do partido republicano na Casa Branca, logo após a assinatura da lei Laken Riley, que aborda a detenção e possível deportação de indivíduos acusados de roubo e outros crimes violentos que estejam no país de forma irregular. “Alguns deles são tão perigosos que não confiamos nem mesmo em seus países de origem para mantê-los, já que não queremos que voltem, portanto, os enviaremos para Guantánamo.”

Além do plano que envolve a base em Cuba, há negociações em andamento com El Salvador para um acordo que facilitaria a deportação de imigrantes para aquele país, de acordo com uma rede de notícias americana. Essa ação faz parte de uma estratégia mais ampla do governo para endurecer as medidas contra a imigração ilegal e, se concretizada, possibilitará que autoridades dos EUA enviem pessoas indocumentadas de várias nacionalidades para El Salvador, incluindo aqueles associados a gangues. Embora o governo tenha mencionado a intenção de deportar até 1,5 milhão de pessoas neste ano, estima-se que o número real possa ficar em torno de 500 mil, segundo um estudo de um braço de análise econômica. As políticas mais rigorosas de imigração podem resultar em uma desaceleração do crescimento populacional de 3,4 milhões no ano anterior para 1,5 milhão neste ano, afetando também o potencial de expansão do PIB, que pode cair para menos de 2% até 2026.

A instalação em Guantánamo tem sido utilizada para manter detentos suspeitos de terrorismo desde os ataques de 11 de setembro de 2001. Em dezembro, três prisioneiros foram repatriados, reduzindo para 27 o total de detentos na instalação, dos quais 15 ainda não tinham enfrentado acusações formais.

Ao longo dos anos, a prisão, que foi estabelecida na gestão de George W. Bush, se tornou um grande ponto de controvérsia para o governo dos EUA, que enfrentou acusações de violação dos direitos humanos. O ex-presidente Barack Obama chegou a determinar o fechamento de Guantánamo em um ano, porém a iniciativa foi bloqueada por membros republicanos do Congresso. Em 2023, a primeira investigadora da ONU a obter permissão para visitar a prisão solicitou ao governo dos Estados Unidos que fornecesse tratamento de reabilitação urgente para homens que foram torturados por forças americanas após os ataques de 11 de setembro. Essa pesquisadora destacou que os detentos necessitam de cuidados físicos e psicológicos e que os EUA devem cumprir suas obrigações sob o direito internacional.

Em uma entrevista a um jornal britânico, a especialista da ONU em direitos humanos relacionados ao combate ao terrorismo ressaltou que os EUA têm a responsabilidade de reparar os danos infligidos às vítimas de tortura durante sua detenção. Ela afirmou que o tratamento médico disponível, tanto para os prisioneiros em Cuba quanto para os que foram liberados em outros países, é inadequado para atender a diversos problemas, incluindo lesões cerebrais traumáticas, incapacidades permanentes, distúrbios do sono, flashbacks e transtorno de estresse pós-traumático.

“Esses homens são todos sobreviventes de tortura, um crime que é considerado único sob a legislação internacional e que requer cuidados urgentes”, afirmou a especialista. “A tortura desmantela uma pessoa, com o objetivo de torná-la impotente e incapaz de funcionar psicologicamente, e durante minhas conversas com detentos atuais e ex-detentos, testemunhei os efeitos devastadores que isso provoca.”

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