3 março 2025
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Perspectivas de Educadores e Especialistas sobre a Educação Híbrida

O ensino híbrido firmou-se como uma alternativa educacional no Brasil durante o período da pandemia de Covid-19. Uma pesquisa realizada pela Undime (União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação) revelou que, nos primeiros anos do ensino fundamental, 52,7% das redes de ensino adotaram o modelo misto de aulas remotas e presenciais, enquanto o índice atingiu 53% nos últimos anos do ensino fundamental. Com a flexibilização das restrições sanitárias, esse modelo permanece em uso em várias redes de ensino. O Ministério da Educação (MEC) anunciou recentemente um curso de formação destinado a docentes, focado em educação híbrida, além do lançamento do guia intitulado “Educação Híbrida: conceito e orientações pedagógicas”. O curso foi desenvolvido pela Rieh (Rede de Inovação para a Educação Híbrida) com o objetivo de capacitar professores a utilizar ferramentas digitais e implementar novos métodos pedagógicos.

Durante um webinário de lançamento do curso, a coordenadora-geral de ensino médio comentou que o MEC vem realizando esforços para avançar na formação continuada dos docentes. O guia apresentado é uma ferramenta que visa aprimorar os conceitos de educação continuada e híbrida, sinalizando a importância da formação profissional em tempos de mudança.

A transição para o ensino híbrido apresentou desafios significativos para os educadores, especialmente no que diz respeito à adaptação das metodologias tradicionais ao ambiente virtual. Um professor da rede pública de São Paulo destacou a necessidade de modificar suas abordagens para manter os alunos engajados, ressaltando que um dos principais obstáculos foi adaptar as metodologias para o formato online. Um engajamento ativo e aulas dinâmicas foram apontados como essenciais, uma vez que a interação direta com os alunos não é possível no mesmo nível que em um ambiente presencial.

O novo modelo de ensino híbrido levanta preocupações relacionadas à desigualdade de acesso. Atualmente, cerca de 29 milhões de brasileiros não têm acesso à internet, conforme dados do Cetic.br (Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação). Um especialista em educação argumentou que o modelo híbrido tem potencial para reduzir desigualdades, desde que bem implementado. O uso de ferramentas digitais em conjunto com materiais físicos pode facilitar um ensino personalizado, adaptando-se às necessidades individuais dos alunos.

No entanto, a ampliação do acesso à internet e a dispositivos eletrônicos é um desafio crítico para garantir a equidade no ensino. Além disso, a formação dos professores é essencial para integrar de forma eficaz o ensino digital ao presencial. Estruturas devidamente organizadas de ensino híbrido podem proporcionar benefícios a longo prazo, promovendo maior autonomia para os alunos e acesso a conteúdos variados.

Um aspecto importante a ser considerado é que o ensino de crianças não pode ser totalmente remoto, devido à necessidade de socialização. A ênfase deve ser no equilíbrio, garantindo que os alunos tenham momentos de interação e socialização significativos. Recentemente, uma proposta de lei que visava implementar um modelo de ensino totalmente remoto para comunidades indígenas no Pará foi revogada após protestos, refletindo a necessidade de diretrizes que respeitem a cultura dos povos originários.

Em relação ao modelo híbrido, o MEC está buscando soluções através de políticas públicas e programas de formação continuada para enfrentar os desafios da sua implementação. A coordenadora da Rieh reconhece que a falta de infraestrutura e de formação são pontos críticos, além da resistência à mudança por parte de professores e estudantes do ensino médio.

A formação contínua dos docentes é fundamental para assegurar que a educação híbrida seja implementada de forma eficaz. O curso desenvolvido tem como intuito capacitar os professores para planejar e aplicar metodologias participativas, possibilitando que o ensino digital e presencial se complementem de maneira significativa. A implementação desse modelo visa também combater a evasão escolar, oferecendo um aprendizado mais flexível e alinhado à realidade dos estudantes.

Durante a implementação do modelo híbrido no Brasil, especialmente no período da pandemia, problemas significativos foram evidenciados. Muitos alunos da rede pública enfrentaram dificuldades na viabilidade do sistema de ensino, resultando na privação de acesso à alimentação para 30% deles, enquanto 25% relataram receber apenas uma cesta básica durante 15 meses. Essas situações, documentadas em pesquisas sobre direitos humanos, evidenciam a precariedade do sistema educacional.

Além disso, iniciativas como o programa Escolas Conectadas buscam universalizar o acesso à internet nas escolas públicas, enquanto o Pé-de-Meia oferece suporte financeiro a estudantes de baixa renda como parte da estratégia governamental para reduzir as desigualdades no acesso à educação digital. A diversificação do perfil dos educadores é um fator a ser considerado, uma vez que muitos ainda não possuem familiaridade com o universo digital. O foco deve ser garantir acesso igualitário a formação que prepare todos os professores para o novo cenário educacional.

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