sexta-feira, janeiro 31, 2025
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Pesquisadores criam madeira luminescente com auxílio de fungos

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Cientistas investigaram um intrigante fenômeno químico que possibilita a madeira brilhar no escuro, processando uma técnica observada em fungos. Esta reação, conhecida como bioluminescência, foi alvo de estudo por pesquisadores suíços do ETH Zurich e do Swiss Federal Laboratories for Materials Science and Technology (Empa), focando em um tipo de cogumelo que é amplamente encontrado na natureza. O equilíbrio ecossistêmico do planeta depende em grande parte das árvores, que também são vitais para a manutenção da vida. No entanto, o uso extensivo de madeira nas diversas indústrias tem um papel significativo nas alterações climáticas. Isso leva a um intenso trabalho de cientistas e empresas que buscam alternativas para o uso da madeira que minimizem seu impacto ambiental. Assim, surgiu a proposta de desenvolver um tipo de madeira que possua bioluminescência de forma natural.

Em um estudo publicado na revista científica Advanced Science, os pesquisadores conduziram experimentos com uma espécie específica de fungo bioluminescente: o cogumelo-do-mel (Desarmillaria tabescens), conhecido por decompor árvores e considerado uma praga. “A madeira que brilha naturalmente foi mencionada pela primeira vez há cerca de 2.400 anos pelo filósofo grego Aristóteles. Materiais compostos artificialmente desse tipo ofereceriam uma gama de aplicações interessantes”, comenta um pesquisador associado do laboratório de Celulose e Materiais de Madeira da Empa. Esse processo ocorre por meio de uma enzima que o fungo gera, catalisando reações químicas que culminam na emissão de uma luz verde. Além de diversas aplicações em campos científicos, acredita-se que a madeira luminosa possa ser utilizada na confecção de móveis e design de joias, ampliando suas possibilidades de uso.

A bioluminescência, ou a habilidade de produzir luz sem a emissão de calor, é um fenômeno comum entre organismos marinhos, como águas-vivas e peixes abissais, e até mesmo em insetos, como os vagalumes. No entanto, no reino dos fungos, existem poucas espécies reconhecidas que apresentam essa característica, tornando-a um fenômeno pouco explorado. Os cientistas explicam que a bioluminescência encontrada nesses cogumelos está intimamente ligada à enzima luciferase, que interage com substâncias químicas conhecidas como luciferinas. Essa interação é responsável pela geração de luz. Nos experimentos, foi utilizada madeira balsa, e algumas amostras ficaram luminosas após serem inoculadas com o fungo.

No experimento, aplicado à superfície da madeira com luciferina, o fungo-do-mel ativa um brilho contínuo que pode ser percebido no escuro. Mesmo que o brilho seja sutil, ele é notável em ambientes sem luz. O processo de transformação da madeira requer um período de três meses no qual o cogumelo é incubado dentro do material. Após essa fase, a superfície entra em contato com o ar, ativando a reação enzimática. Após 10 horas de exposição ao ar, a luz verde começa a emanar. Os pesquisadores conseguiram manter o brilho por aproximadamente dez dias, porém estão trabalhando para aperfeiçoar a técnica com a intenção de aumentar a intensidade luminosa.

Atualmente, mais de 70 espécies do reino funge receberam o nome pela característica glow verde, conhecida popularmente como ‘foxfire’. Embora o processo tenha sido replicado em laboratório, uma observação interessante é que pedaços de madeira com propriedades bioluminescentes também podem ser encontrados frequentemente na natureza; no entanto, sua identificação pode não ser tão simples. Schwarze destaca que um dos maiores organismos vivos do mundo, uma vasta rede de fungo-do-mel com cerca de 2.400 anos de idade, se espalha por diversos quilômetros quadrados no estado de Oregon, nos EUA. Por sua vez, o maior cogumelo da Europa pode ser visto na Suíça, localizado em Ofen Pass, abrangendo uma área equivalente a 50 campos de futebol.

O avanço na compreensão da bioluminescência, além de trazer à luz a beleza e potencial dos fungos, também abre novas perspectivas para uma utilização mais sustentável da madeira, contribuindo de forma significativa para a inovação e preservação ambiental. Essas descobertas podem não apenas transformar a maneira como visualizamos a madeira em nosso cotidiano, mas também redefinir as interações entre as indústrias e a natureza, promovendo um futuro mais sustentável que respeite e valorize os ecossistemas naturais.

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