O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, completa duas semanas de seu segundo mandato na Casa Branca nesta segunda-feira, 3 de fevereiro. Durante esse breve período, o presidente já impactou os mercados globais ao começar a implementar parte de suas promessas de campanha.
No sábado, 1 de fevereiro, Trump anunciou a imposição de uma tarifa de 25% sobre produtos importados do México e do Canadá, além de uma taxa de 10% para itens provenientes da China. Essas medidas entrarão em vigor a partir de terça-feira, 4 de fevereiro.
Em um comunicado na rede social Truth Social, de sua propriedade, Trump comentou: “Haverá alguma dor? Sim, talvez (e talvez não!). Mas faremos a América grande novamente e tudo isso valerá o preço que deve ser pago”. Contudo, ainda não se sabe a magnitude das consequências dessas tarifas. O portal Yahoo Finance reuniu análises de instituições financeiras e especialistas de Wall Street sobre os primeiros efeitos dessa “nova guerra comercial”.
Analistas do Morgan Stanley indicaram que as tarifas poderão resultar em um impacto significativo na economia, prevendo uma redução no crescimento econômico dos Estados Unidos entre 0,7% e 1,1% nos próximos três a quatro trimestres. A equipe do Evercore ISI estima um aumento de 40 pontos-base na inflação americana no segundo semestre e alertou que o crescimento do país poderá ser prejudicado pela queda nas exportações, desinvestimentos e redução de empregos.
Outros especialistas, como Neo Wang, da Evercore ISI China, destacaram que o momento do anúncio, coincidente com o feriado do Ano Novo Chinês, pode ter gerado descontentamento entre o governo e a população chinesa. Wang observou que a tarifa de 10% pode estar relacionada a uma estratégia de pressão nas negociações com a China.
Michael Hirson, da consultoria 22V, acredita que mais tarifas adicionais sobre as importações da China podem ser implementadas no futuro, devido à postura de Trump e ao déficit comercial significativo. Ele sugere que um acordo comercial com a China é possível, embora os desafios políticos sejam altos neste início do novo mandato.
As reações ao impacto das tarifas sobre o Canadá e o México indicam uma possível recessão iminente nesses países. Jim Reid, do Deutsche Bank, avaliou que o choque econômico para esses países pode ser mais profundo do que as consequências do Brexit para o Reino Unido. Reid também mencionou que, embora até agora as tarifas não tenham sido aplicadas à União Europeia, isso ainda representa uma ameaça significativa pelas possíveis futuras imposições.
O especialista também enfatizou que, apesar de os Estados Unidos estarem menos vulneráveis às tarifas de retaliação do Canadá e do México devido ao tamanho da sua economia, as previsões indicam que o PIB americano pode sofrer uma redução moderada.
Por outro lado, Jim Duffy, analista do Stifel, ressaltou que a maior parte dos calçados e vestuário vendidos nos Estados Unidos é importada. As novas tarifas devem impactar os resultados financeiros das empresas a partir do segundo trimestre e ter repercussões ao longo de 2026. Ele destacou que as empresas podem ajustar suas cadeias de suprimentos para reduzir as importações dos países com tarifas mais elevadas, o que pode introduzir riscos operacionais adicionais.
Duffy também observou que, embora a exposição direta dos negócios às importações desses países seja limitada, o impacto secundário relacionado à inflação e à pressão sobre os gastos pode ser uma consideração importante.