Em junho de 2023, o empresário Alexandre Rizk abriu o The Lexi, localizado na West Sahara Avenue, como o primeiro hotel em Las Vegas voltado para o consumo de cannabis. Fumar maconha é permitido apenas no quarto andar do hotel, que apresenta suítes numeradas como 420, e todas contam com filtros de ar. Anteriormente, Rizk havia inaugurado outro hotel semelhante, o Clarendon, em Phoenix, Arizona, e planejava expandir sua marca Elevations para atender consumidores de cannabis em diversos estados do Oeste americano.
Entretanto, Rizk logo se deu conta de que a abordagem amigável ao consumo de cannabis não era vantajosa em Las Vegas. Apesar da proibição do uso de cannabis em cassinos e na Strip, muitos estabelecimentos não aplicam fiscalização rigorosa, permitindo que clientes utilizem a droga livremente. Após cinco meses, Rizk notou que a taxa de ocupação do The Lexi era apenas de 30% e perdeu oportunidades de eventos para concorrentes que não promoviam o consumo de cannabis, levando-o a rebranding do hotel.
O empresário investiu cerca de 5 milhões de dólares no hotel e vendeu o Clarendon devido ao estigma associado ao The Lexi, que passou a ser visto como um local para usuários de maconha. A cidade enfrenta o desafio de conciliar cannabis e cassinos, já que a receita dos jogos em Las Vegas caiu e a satisfação dos visitantes diminuiu em 2024, de 94% para 87%.
Embora a cidade receba milhões de turistas anualmente, eventos relacionados à cannabis foram realizados com sucesso. Las Vegas legalizou o uso medicinal da maconha em 2001 e o recreativo em 2020. Contudo, devido a leis federais, cassinos não podem se envolver no mercado de cannabis sem riscos à sua licença de operação. Regulamentações também proíbem o funcionamento de dispensários nas proximidades de cassinos.
Os cassinos, importantes fontes de receita, preferem se manter afastados da cannabis. Empresas como Wynn Resorts, Caesars Entertainment e MGM Resorts geraram bilhões de dólares em receita com jogos e a possibilidade de interação com o mercado de cannabis poderia ser prejudicial. Em contraste, a presidente da Bally’s Corporation afirma que a incorporação da cannabis a cassinos é inviável devido à regulamentação federal.
Por outro lado, Seth Schorr, CEO da Fifth Street Gaming, acredita que os cassinos deveriam explorar uma abordagem mais integrada à cannabis, reconhecendo seu potencial como forma de entretenimento. Pesquisas indicam que muitos jogadores estariam dispostos a consumir cannabis enquanto jogam, com uma parte significativa se mostrando favorável à presença de áreas designadas para consumo nos estabelecimentos.
A especialista em jogos, Riana Durrett, sugere que a separação entre as duas indústrias pode não ser benéfica, já que um número crescente de pessoas consome cannabis regularmente. Ela argumenta que as restrições atuais favorecem o mercado ilegal, enquanto Brendan Bussmann, consultor da B Global, reforça que a legalidade da cannabis e a viabilidade de sua presença em cassinos devem ser discutidas de maneira realista, uma vez que os reguladores continuam a reexaminar suas políticas.
No entanto, a combinação entre jogos e cannabis ainda é vista com receio pelos operadores de cassino, que enfrentam riscos legais relacionados ao uso da substância, visto que a regulamentação federal permanece inalterada. A complexidade das regulamentações e a necessidade de preservar a imagem dos cassinos em Las Vegas complicam a possibilidade de qualquer integração entre essas duas indústrias.