Uma nova ofensiva contra os rebeldes Houthis, no Iémen, foi iniciada neste sábado (15) após uma ordem do presidente dos Estados Unidos. A decisão foi anunciada como uma necessária ação militar para conter a “campanha incessante [dos rebeldes] de pirataria, violência e terrorismo direcionados a embarcações, aeronaves e drones dos EUA e de outras nações”. O conflito entre o grupo paramilitar, que conta com o apoio do Irã, e as forças americanas se estende desde meados de 2022, quando os Houthis foram implicados em ataques a navios comerciais dos EUA.
A tensão na estratégica rota comercial do Mar Vermelho se exacerbou em 2023, especialmente após o início do conflito entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza. Em resposta às ações das Forças de Defesa de Israel (FDI) e ao respaldo dos EUA, uma série de ataques foi reivindicada pelos Houthis. Desde o ataque do Hamas aos territórios israelenses em 7 de outubro de 2023, os Houthis lançaram ofensivas contra mais de 100 embarcações, utilizando drones, mísseis e pequenas embarcações.
O grupo Houthi causou a destruição de dois navios e a apreensão de outro, resultando na morte de pelo menos quatro marinheiros. Esse cenário perturbou gravemente o transporte marítimo global, levando empresas a replanejar rotas para trajetos mais longos e custosos, contornando o sul da África. Durante esse período de ataques, tentativas do governo Biden de responder com ações militares direcionadas às posições dos Houthis no Iémen não lograram em evitar novas agressões.
Em uma entrevista, uma especialista em Direito Internacional analisou que a postura agressiva dos Houthis está ligada à não implementação de acordos entre Israel e Hamas, especialmente no que diz respeito à ajuda humanitária em Gaza. Como o Iémen não tem fronteira com Israel, os rebeldes focam seus ataques em áreas que controlam, como o Golfo de Aden, o Golfo Pérsico e o Mar Vermelho. Essa situação tem um impacto significativo no comércio internacional, uma vez que essas rotas são essenciais para as exportações israelenses à Europa e para os produtos europeus e americanos que se destinam a Israel.
O governo Biden enfrentou dificuldades em mitigar os ataques, mesmo com operações militares em solo iemenita. O ex-presidente Trump criticou as abordagens do governo em relação aos Houthis, chamando-as de “pateticamente fracas” e afirmando que a falta de firmeza levou os rebeldes a continuarem suas ofensivas. Ele lançou uma dura advertência aos Houthis, afirmando que era “hora de parar” e ameaçou com repercussões severas caso a agressão persistisse. O presidente também fez um apelo ao Irã, instando-o a cessar seu apoio ao grupo rebelde.
A nova ação dos EUA ocorre após um período de relativa tranquilidade que começou em janeiro com um cessar-fogo em Gaza. No início deste ano, o governo dos EUA já havia classificado os Houthis como uma “organização terrorista estrangeira”.