O presidente da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol), Alejandro Domínguez, enfrentou forte reação após declarações inadequadas feitas durante o sorteio das Copas Libertadores e Sul-Americana, realizado em 17 de setembro, no Paraguai. Ao ser indagado por um jornalista sobre a possibilidade de uma Libertadores sem a participação de clubes brasileiros, Domínguez comparou a situação com “Tarzan sem Chita”, uma analogia que suscitou críticas devido a seus conotativos estereótipos raciais.
A resposta negativa ao comentário de Domínguez gerou imediata repercussão, levando-o a se desculpar publicamente em uma postagem em sua conta na rede social X, no dia seguinte, 18 de setembro. No texto, ele reiterou seu compromisso com o respeito e a inclusão no futebol, afirmando: “Reafirmo meu compromisso de seguir trabalhando por um futebol mais justo, unido e livre de discriminação.”
Diversos setores, incluindo dirigentes, jogadores, políticos e o governo brasileiro, repudiaram a declaração de Domínguez. O governo expressou seu descontentamento em uma nota conjunta dos Ministérios do Esporte, da Igualdade Racial e das Relações Exteriores. O comunicado enfatiza que as falas ocorrem em um contexto em que a Conmebol tem falhado em promover ações eficazes para prevenir o racismo nos jogos, criticando a falta de medidas para combater a impunidade.
Essa situação se insere em um histórico recente de episódios de racismo no futebol, incluindo o ataque a jogadores do Palmeiras sub-20, Luighi e Figueiredo, durante uma partida da Libertadores. Em resposta, o Cerro Porteño, clube paraguaio, recebeu uma multa de 50 mil dólares e foi sancionado a jogar a competição em portões fechados.
Leila Pereira, presidente do Palmeiras, expressou descontentamento com as sanções aplicadas, considerando-as brandas. Ela não compareceu ao sorteio das copas no Paraguai e, ao comentar sobre a declaração de Domínguez, disse que teve dificuldade em acreditar que os comentários fossem autênticos, chegando a suspeitar de manipulação por inteligência artificial.
O meio-campista Bruno Guimarães, que representa o Newcastle e a seleção brasileira, também criticou Domínguez, destacando que o presidente da Conmebol deveria focar em questões mais relevantes. Por outro lado, o humorista Hélio de La Peña fez uma crítica mais incisiva, sugerindo uma frase alternativa sobre o presidente. Já a deputada federal Érika Hilton, do PSOL, acionou a Justiça Federal contra Domínguez, e também o denunciou ao Ministério das Relações Exteriores, buscando que ele seja declarado “persona non grata” no Brasil.
Alejandro Domínguez, eleito presidente da Conmebol em 2016, sucedeu a presidência da Associação Paraguaia de Futebol (APF). Ele assumiu em um período turbulento, marcado por escândalos de corrupção no futebol sul-americano, e desde então tem trabalhado para modernizar a Conmebol, promovendo reformas e aumentando a transparência da gestão da entidade. Nascido em 25 de janeiro de 1972, em Assunção, ele é filho de Osvaldo Domínguez Dibb, um proeminente dirigente esportivo paraguaio. Além de seu papel na Conmebol, Domínguez é graduado em economia e tem experiência no setor privado.