Na última quinta-feira, um juiz do Tribunal Supremo indicou a possibilidade de que Santos Cerdán, um dos principais membros do Partido Socialista liderado por Pedro Sánchez, estivesse envolvido em um esquema de corrupção referente à concessão de contratos públicos. A situação se agrava para Sánchez, uma vez que sua administração já enfrenta vários escândalos, incluindo investigações de sua esposa, irmão e do procurador-geral indicado por seu governo.
A oposição à gestão socialista tem intensificado suas exigências para que Sánchez se afaste do cargo e convoque eleições gerais, o que é uma prerrogativa exclusiva do chefe do governo. O jornal “El Mundo”, em um editorial, criticou a continuidade de Sánchez, afirmando que a regeneração da vida pública na Espanha requer sua renúncia. Por outro lado, o ABC caracterizou a situação como angustiante para o presidente, que, por sua vez, afirmou que não pretende convocar eleições antecipadas e está decidido a permanecer no cargo até 2027.
A insatisfação entre os aliados de coalizão de Sánchez, especialmente entre a plataforma Sumar e outros pequenos partidos, tem aumentado. Yolanda Díaz, ministra do Trabalho e figura proeminente de Sumar, declarou que a simples apresentação de desculpas não é suficiente e sugeriu a necessidade de mudanças significativas no governo. O partido Junts per Catalunya, que foi essencial para a última investidura de Sánchez, também demandou uma reunião urgente para discutir a viabilidade da atual legislatura.
Analistas políticos, como Paloma Román da Universidade Complutense de Madri, enfatizam que a única solução viável para que Sánchez restabeleça a confiança em seu governo pode ser uma moção de confiança no Congresso. A situação atual não apresenta, no entanto, sinais de que o governo esteja considerando essa alternativa.
Óscar López, um ministro próximo a Sánchez, ressaltou que o presidente precisa continuar conquistando a confiança do público e trabalhar para levar adiante seu projeto eleitoral. Entretanto, a proposta de uma moção de confiança permanece indefinida.
Por sua vez, a oposição não parece inclinada a instaurar uma moção de censura, dada a falta de apoio suficiente para garantir seu sucesso. O líder do Partido Popular, Alberto Núñez Feijóo, descartou essa possibilidade, ressaltando que isso poderia beneficiar Sánchez em caso de fracasso.
Atualmente, é complicado para os aliados de Sánchez abandoná-lo, uma vez que a alternativa seria a formação de um governo do PP com apoio da extrema-direita, um cenário indesejado para a maioria dos partidos de esquerda e grupos regionais. Essa dinâmica reflete um dilema em que a continuidade de Sánchez no governo se torna mais atraente para seus aliados do que um possível governo de direita.