Centenas de civis perderam a vida em ações das forças de segurança sírias em áreas dominadas pela minoria alauíta. Esses conflitos se estenderam por três dias na Síria, marcando os episódios mais intensos desde a queda do regime de Bashar al-Assad em dezembro, após 14 anos no poder. O Observatório Sírio para os Direitos Humanos, uma organização não governamental com sede na Inglaterra, reporta cerca de mil mortes, das quais pelo menos 745 são civis. A entidade descreve o evento como um “massacre sectário”, perpetrado pelas forças de segurança nas províncias costeiras de Latakia e Tartous, regiões conhecidas por abrigar a minoria alauíta, que representa 15% da população síria e tradicionalmente ocupava posições de destaque no governo anterior.
O governo atual está conduzindo uma campanha repressiva nas áreas litorâneas do país, onde a minoria alauíta ainda resiste à nova administração. Os confrontos tiveram início na última quinta-feira, em Latakia, quando alauitas leais a Assad atacaram as forças de segurança do governo atual, que é de orientação fundamentalista e tem raízes no mesmo movimento jihadista que originou a Al Qaeda e, posteriormente, o Estado Islâmico. A partir desse ataque, os combates adquiriram uma conotação de vingança.
O presidente interino da Síria, Ahmed al Shaara, fez um apelo por “unidade no país” durante um discurso em uma mesquita na capital, Damasco, neste domingo. Ele caracterizou os recentes acontecimentos como desafios “previsíveis” e enfatizou a importância de preservar a unidade nacional e a paz civil, destacando a esperança de que seja possível conviver em harmonia no país.
