Representantes do Irã e dos Estados Unidos participaram, no dia 12, de negociações sobre um acordo nuclear em Mascate, a capital de Omã. O chanceler omani, Sayyid Badr Hamad Al Busaidi, atuou como mediador nas discussões que envolvem o programa nuclear iraniano e a possível remoção de sanções. As partes concordaram em dar seguimento aos encontros na próxima semana, o que é interpretado positivamente por observadores internacionais, pois mantém em aberto um canal de diálogo sobre a questão nuclear, que voltou a ganhar relevância nas relações internacionais desde a posse do presidente Donald Trump em 20 de janeiro. Entretanto, essas tratativas ocorrem em um cenário de tensão, uma vez que o presidente republicano ameaçou bombardear o Irã caso as conversas não avancem.
De acordo com informações divulgadas pela agência iraniana Tasnim, participaram das conversas o ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi, e o enviado especial do presidente dos EUA para o Oriente Médio, Steve Witkoff. As delegações mantiveram comunicação mediada pelo representante de Omã durante mais de duas horas. Uma fonte da delegação iraniana comentou à Tasnim sobre o clima positivo nas negociações entre os dois países.
Abbas Araqchi declarou que o Irã se apresentou às conversas com seriedade e enfatizou que o país busca um acordo em condições de igualdade. Ele ressaltou que, se os Estados Unidos demonstrarem a mesma disposição, será viável alcançar um entendimento inicial. Ali Shamkhani, conselheiro do líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, indicou que o governo iraniano trouxe propostas significativas e práticas para a busca de um acordo real e justo. Shamkhani também afirmou que, caso Washington participe com intenções sinceras, o caminho para o acordo será mais claro.
Desde a retirada dos EUA do acordo nuclear de 2015, que foi firmado durante a administração de Barack Obama, o governo iraniano tem acumulado material em níveis próximos aos necessários para a produção de armas nucleares. O Irã defende que seu programa é destinado exclusivamente para fins energéticos, enquanto países ocidentais levantam dúvidas sobre suas intenções, suspeitando de uma possível busca pelo desenvolvimento de armas nucleares.
O retorno de Donald Trump à presidência reavivou preocupações acerca de um possível confronto direto no Oriente Médio. Israel, ao considerar o programa nuclear iraniano como uma ameaça existencial, aumentou suas ações militares na região, especialmente após os recentes ataques do grupo palestino Hamas e da milícia libanesa Hezbollah. Tel Aviv intensificou bombardeios em Gaza e no Líbano, incluindo alvos dentro do território iraniano. Simultaneamente, os Estados Unidos lançaram ataques contra os hutis no Iémen, que são apoiados por Teerã, gerando especulações sobre uma possível ação militar direta contra o Irã.