A provedora de internet GPX Telecom, que atuou por nove anos em Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza, anunciou o fechamento definitivo de suas operações. A decisão ocorre após um ataque criminoso na madrugada de 17 de março, que danificou rapidamente sua infraestrutura. Esse evento é parte de uma série de ataques contra provedores no Ceará desde fevereiro, supostamente orquestrados pela facção Comando Vermelho, que exige pagamentos das empresas para garantir a continuidade dos serviços.
A Polícia Civil do Ceará confirmou que os ataques às empresas de internet são parte de uma estratégia de extorsão realizada pelo Comando Vermelho. Investigações indicam que a facção impõe uma taxa mensal para que os provedores possam operar em áreas específicas. Quando essa cobrança não é quitada, as empresas enfrentam represálias violentas.
Os ataques incluem incêndios de veículos, cortes de cabos de fibra óptica, roubo de equipamentos e ameaças a funcionários. As autoridades relataram também a suspeita de que provedores clandestinos operam sob controle do crime organizado, o que limita o acesso dos moradores a serviços regulares. O Governo do Ceará estabeleceu um grupo especial para investigar os crimes e mitigar os ataques. A Operação Strike, realizada entre 22 de fevereiro e 17 de março, resultou na prisão de 27 suspeitos relacionados aos atentados.
Os impactos dos ataques vão além da violência contra as empresas. A população local enfrenta severas consequências devido à crise na infraestrutura de telecomunicações. Na cidade de Caridade, com 22.500 habitantes, 90% das residências ficaram sem internet recentemente, comprometendo serviços essenciais e a comunicação entre os moradores.
O Complexo Industrial e Portuário do Pecém, um dos maiores do Brasil, também sofreu com os ataques. Em 27 de fevereiro, uma série de ações da facção resultou na interrupção quase total da conexão de internet na região, prejudicando operações logísticas e industriais. Empresas como Brisanet, ACNet, Planeta Net, Giga+ Fibra e A4 Telecom também foram alvos de violência, afetando clientes em Fortaleza, Caucaia, Caridade e São Gonçalo do Amarante.
Pesquisas realizadas por operadoras mostram que aproximadamente 10% da população da Grande Fortaleza — cerca de 400 mil pessoas — vivem em áreas sob a influência de facções criminosas, onde provedores ilegais operam sem fiscalização, dificultando o funcionamento das empresas regulares.
Após o ataque que destruiu suas instalações, a GPX Telecom emitiu um comunicado informando sobre o encerramento das atividades. No texto, a empresa expressou sua tristeza com a situação e ressaltou a fragilidade da segurança atual, onde esforços de anos podem ser dizimados em minutos. A GPX agradeceu aos clientes pela confiança e esperou por justiça diante da situação alarmante que afeta a coletividade. As autoridades continuam a investigar o caso, enquanto os usuários impactados aguardam medidas para garantir a continuidade dos serviços sem interferências criminosas.