Aécio Neves, deputado federal pelo PSDB de Minas Gerais, declarou na última sexta-feira (13) que o partido decidiu não prosseguir com a fusão com o Podemos. A negociação estava em suas etapas finais após autorização na convenção do PSDB na semana anterior. A confirmação foi feita pelo presidente da sigla, Marconi Perillo.
A razão para a desistência foi uma desacordo em relação à direção do possível novo partido. A proposta do PSDB preconizava um rodízio na presidência, com mudanças a cada seis meses e, posteriormente, anualmente. Esse arranjo de transição se encerraria nas eleições municipais de 2028, quando seria realizada uma eleição convencional para estabelecer um diretório nacional e uma executiva com mandato de dois anos.
Conforme Aécio, durante uma reunião na quarta-feira (11), o Podemos exigiu que a deputada federal Renata Abreu assumisse a presidência por quatro anos imediatamente. Ele comentou que essa exigência não estava prevista nas negociações e foi considerada inaceitável. O presidente do PSDB, Marconi Perillo, e outros líderes do partido concordaram com essa posição.
Aécio também mencionou que, diante da situação, o PSDB retomou as discussões sobre uma federação com os partidos Republicanos, Solidariedade e MDB. Embora não se feche a possibilidade de futuras negociações com o Podemos, a perspectiva atual é de aliança em formato de federação.
Marconi Perillo confirmou a interrupção das conversações e apontou a divergência sobre a liderança da nova sigla. Ele afirmou que o PSDB busca construir uma plataforma política que una o Centro Democrático e ofereça uma alternativa de poder ao país.
Uma fonte próxima ao Podemos argumentou que a escolha de Renata Abreu para liderar a fusão seria natural, dada a sua bancada de 15 deputados federais, que deve aumentar com a filiação de mais dois, em comparação com os 13 do PSDB. No Senado, o Podemos conta com quatro senadores, enquanto o PSDB possui três. Politicamente, a união entre os dois partidos é caracterizada como fusão, mas, na prática, os tucanos estariam se incorporando ao partido de Renata Abreu. O PSDB, por estar em federação com o Cidadania, necessitaria de aprovação desta legenda para prosseguir com a fusão.
Essa tentativa de união ocorre em um contexto de restrição partidária no Brasil, impulsionada pela cláusula de barreira e pelo esvaziamento do PSDB. Ao longo dos últimos anos, a influência nacional do partido diminuiu consideravelmente, levando à redução da sua bancada federal e à perda de governadores eleitos. Por exemplo, Eduardo Riedel (PSDB-MS) está em negociações para se filiar ao PP ou ao PSD, seguindo o caminho de outros governadores, como Eduardo Leite (PSD) e Raquel Lyra (PSD), que deixaram o PSDB recentemente.