Na última semana, o Partido dos Trabalhadores (PT) apresentou uma série de requerimentos no Congresso Nacional que focam na ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. A iniciativa é entendida como uma resposta às críticas da oposição direcionadas à atual primeira-dama, Janja da Silva. Os requerimentos foram enviados à Câmara dos Deputados, sob a liderança do deputado Lindbergh Farias, com solicitações direcionadas a quatro órgãos governamentais.
Os documentos abordam uma gama de acusações contra Michelle Bolsonaro, incluindo alegações de irregularidades em transações financeiras, uso indevido de cartão corporativo e viagens realizadas com assessores. Há também questionamentos sobre possíveis malfeitos relacionados ao programa Pátria Voluntária, que promove o trabalho voluntário no país e foi liderado por ela durante a presidência de Jair Bolsonaro. Os inquéritos estão sendo investigados por diversas entidades, incluindo o Ministério Público Federal, a Controladoria-Geral da União, a Polícia Federal e a Casa Civil.
Por meio das redes sociais, Lindbergh Farias reclamou dos gastos considerados excessivos de Janja e anunciou que para cada requerimento apresentado em relação à atual primeira-dama, o partido responderia com duas solicitações ou denúncias a respeito de Michelle Bolsonaro. A declaração contida em seu perfil no Instagram expressou a intenção do partido em intensificar a pressão sobre a ex-primeira-dama.
Os ofícios enviados à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal questionam transações financeiras em espécie realizadas durante o governo de Jair Bolsonaro, que supostamente visavam cobrir despesas pessoais de Michelle e de pessoas próximas. Relatos indicam que essas transações foram feitas pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e por funcionários sob sua supervisão.
Entre os beneficiários dessas transferências, foram identificadas uma tia de Michelle e uma amiga que é assessora no Senado e que possuía um cartão de crédito utilizado pela ex-primeira-dama. Investigações sugerem que parte dos recursos teria sido direcionada a uma empresa fornecedora do governo federal, a Cedro do Líbano Comércio de Madeiras, e também a um sargento ligado a Mauro Cid. Os requerimentos alegam que as movimentações financeiras configuram um “caixa paralelo” destinado a bancar despesas pessoais da ex-primeira-dama, levantando a suspeita de que Michelle tenha, supostamente, cometido “rachadinha”.
Com relação ao programa Pátria Voluntária, o deputado solicitou informações sobre todos os voos feitos por Michelle entre os anos de 2019 e 2022, incluindo detalhes sobre as pessoas que a acompanharam. O objetivo é averiguar se o programa foi utilizado para interesses pessoais.
Os questionamentos direcionados ao ministro Rui Costa também abrangem a frequência, a duração e a natureza das viagens, além dos documentos que respaldaram as solicitações de voos. As perguntas incluem se as viagens foram realizadas com custos para o erário e quais justificativas foram dadas para a realização de voos, principalmente aqueles que eventualmente foram considerados sigilosos.
O Programa Nacional de Incentivo ao Voluntariado foi lançado em julho de 2019, com a finalidade de fomentar o trabalho voluntário e as ações de solidariedade no Brasil, sendo conduzido por Michelle Bolsonaro até sua extinção em março de 2023, por decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Por outro lado, o PL Mulher, grupo do partido dirigido por Michelle Bolsonaro, manifestou descontentamento com as acusações levantadas, afirmando que os requerimentos são uma repetição de alegações infundadas. O partido argumenta que tais ações visam desviar a atenção pública dos desafios enfrentados pelo governo atual, como o aumento dos preços de alimentos e combustíveis, assim como os questionamentos sobre a atual primeira-dama. No comunicado enviado, o PL Mulher caracterizou as ações do PT como uma demonstração de desespero diante da desaceleração de apoio ao governo federal.