O agronegócio brasileiro enfrenta desafios ao iniciar o ano de 2025, conforme análise de economistas. A inflação dos alimentos permanece elevada, impulsionada pelo aumento nos preços do café e do tomate. Ao mesmo tempo, as exportações do setor apresentaram uma queda no início do ano, enquanto a política monetária restritiva tornou o crédito rural mais caro. O relatório indica que o panorama para 2025 é complicado, com a inflação de alimentos ainda alta, além de instabilidade cambial e incertezas no comércio internacional.
Apesar das dificuldades, o setor agropecuário brasileiro continua competitivo e com uma boa posição no mercado global. A expectativa é de uma safra robusta e de um câmbio favorável às exportações. Entretanto, os custos de produção permanecem elevados e o setor precisa estar preparado para um ano marcado pela volatilidade.
A inflação no setor agroalimentar teve uma desaceleração no início do ano, embora ainda se mantenha em níveis altos. Em janeiro, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou um fechamento de 0,16%, comparado a 0,52% em dezembro. Contudo, o grupo Alimentação e Bebidas aumentou em 0,96%, com destaque para os preços do café moído (+8,56%) e do tomate (+20,27%). As carnes também ficaram mais caras, com um aumento de 0,36%, após uma valorização significativa de 5,26% no mês anterior. O estudo ressalta que o mercado de proteínas está sendo influenciado pela demanda externa e pela valorização do dólar, o que torna as exportações mais atraentes.
As exportações do agronegócio começam 2025 em um estado de declínio. A balança comercial do setor apresentou um superávit de US$ 2,2 bilhões em janeiro, um valor consideravelmente inferior aos US$ 6,2 bilhões do mesmo mês do ano anterior. Este desempenho mais fraco é atribuído à queda de 5,7% nas exportações e ao aumento de 12,2% nas importações. Entre os produtos que mais apresentaram queda nas exportações estão trigo e centeio (-39%) e açúcar e melaço (-41,5%). Nas importações, notou-se um aumento na compra de frutas e nozes (+16,8%) e máquinas e motores não elétricos (+56,7%), o que sugere uma demanda crescente por tecnologia e equipamentos no setor agropecuário.
No entanto, com uma safra que até o momento se mostra promissora, projeções indicam um superávit de US$ 76,9 bilhões para 2025, sustentado por uma safra recorde de soja e uma possível recuperação da demanda externa. Contudo, o mercado internacional continua sendo um fator de risco para o Brasil. O relatório destaca as implicações das políticas protecionistas implementadas pelo governo dos Estados Unidos, bem como a desaceleração da economia chinesa. Tais fatores podem reduzir a demanda por grãos e carne bovina, afetando as exportações brasileiras. Assim, embora o Brasil mantenha uma vantagem competitiva no mercado global, é essencial estar atento a essas dinâmicas.
Os custos de produção permanecem elevados, como evidenciado pelo impacto das taxas de câmbio e das políticas monetárias. Embora o real tenha se valorizado recentemente, o dólar alcançou a marca de R$ 5,8050 na última semana, com projeções indicando que encerrará o ano a R$ 5,94. Um câmbio mais depreciado pode favorecer as exportações, mas também eleva o custo de insumos agrícolas importados, como fertilizantes e defensivos. Além disso, a postura conservadora do Banco Central, que pode levar a uma taxa Selic de 15% ao ano, acaba tornando o crédito rural mais caro e limitando o apetite por novos investimentos no setor agropecuário.