2 março 2025
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Receita polêmica: sogra detalha como fazer o bolo em depoimento

Em um depoimento à Polícia Civil do Rio Grande do Sul, Zeli dos Anjos, sogra de Deise Moura dos Anjos, que é acusada de envenenar a farinha de um bolo de reis que causou três mortes em Torres (RS), detalhou o que aconteceu. De acordo com as investigações, Deise teria adicionado arsênio na farinha utilizada por Zeli. No relato, a sogra revelou que decidiu preparar o bolo no dia 23 de dezembro. “Inicialmente, eu não queria fazer, mas acabei fazendo porque lembrava de Paulo [seu marido, que faleceu, segundo as autoridades, devido ao leite em pó envenenado por Deise]”, conforme registrado em seu depoimento.

Zeli mencionou que não sabia se alguém a havia incentivado a fazer o bolo. Segundo ela, ao acordar no dia 23, foi ao supermercado comprar ingredientes que estavam faltando: açúcar mascavo, margarina, leite condensado, ovos e passas brancas. Dos ingredientes disponíveis em casa, Zeli indicou que “usou a farinha que estava embaixo da pia, passas pretas e frutas cristalizadas”. Ela também relatou que “esqueceu de adicionar fermento ao bolo”. O glacê foi preparado com açúcar que estava em sua casa. Durante o processo de preparo, ela afirmou que “não experimentou a massa do bolo, nem percebeu um odor diferente”. Contudo, Zeli afirmou que “achou a farinha estranha”. Ela contou que “peneirou”, mas presumiu que a farinha era de baixa qualidade por ser uma doação e de uma marca desconhecida – uma referência a ajuda para vítimas de enchentes no estado.

O bolo foi feito na casa da sogra, em Arroio do Sal. Após a preparação, Zeli foi para Torres, por volta das 14 horas, onde reside Maida, sua irmã. Segundo Zeli, o bolo começou a ser consumido entre 16h e 17h. Ela acredita que “Tatiana” foi quem pegou a primeira fatia. Tatiana, sobrinha de Zeli, foi uma das vítimas que morreram pelo envenenamento, ao lado de Maida e Neuza, outra irmã de Zeli. Durante o depoimento, Zeli relata que Tatiana fez uma observação sobre o gosto do bolo. “Dinda (em referência a Zeli), você não fez esse bolo? Está com um gosto estranho.” Zeli então afirmou que, ao experimentar, percebeu o gosto esquisito e pediu para que ninguém comesse o bolo. “Mesmo assim, Neuza pegou uma pequena fatia e comeu”, contou a sogra.

Maida foi a primeira a apresentar os sintomas, seguida por Mateus, seu sobrinho-neto. Zeli também começou a sentir os efeitos, primeiro vomitando no tanque. Ela comentou que teve a sensação de que estaria tendo diarreia e não conseguiu chegar ao banheiro, acabando por defecar pela casa. Declarou que não desmaiou, mas estava se sentindo muito mal. Zeli também relembra que não consegue recordar muitos detalhes depois disso e que foi socorrida pelo Samu ao hospital. O sobrinho-neto e a sogra foram internados, mas receberam alta em seguida.

Em depoimento, Diego, filho de Zeli, revelou que houve uma discussão com Deise um mês antes do incidente, sobre onde a sogra passaria o Natal. “Deise queria que Zeli passasse o Natal com eles (ela, o marido e o filho), enquanto a sogra queria estar com suas irmãs”, conforme registrado em seu relato. A polícia ainda apontou que, antes do caso do bolo, Deise teria envenenado o sogro, Paulo Luiz dos Anjos, utilizando arsênio no leite em pó.

Deise foi presa no dia 5 de janeiro. “Ela continua detida sob prisão temporária, a investigação está em andamento e, de acordo com a decisão judicial, ainda há diligências a serem realizadas para esclarecer os fatos”, informou a defesa.

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