“Gates, na verdade, não produz bens materiais. Ele não é como Henry Ford, que fabricava automóveis, ou como Antônio Ermírio de Moraes, que fabricava cimento. Bill Gates acumulou sua fortuna a partir de ideias. As suas inovações, junto com as de amigos e colaboradores, se manifestam nos programas de computador e softwares.” Assim foi retratado o fundador da Microsoft em uma matéria publicada em julho de 1995, quando ele já era considerado o homem mais rico do mundo, com uma fortuna avaliada em 13 bilhões de dólares. Atualmente, ocupa a 13ª posição, com 107 bilhões de dólares. Desde então, após trinta anos, o empresárion de Seattle deixou sua atividade original e passou a adotar uma nova postura: a de filantropo, por meio da fundação que criou junto com sua ex-esposa, Melinda, dedicada a combater doenças como AIDS, malária, tuberculose e poliomielite, especialmente em países empobrecidos da Ásia e da África.
Com certeza, Gates é uma figura central no nosso tempo, o criador do Windows, um sistema operacional que abriu as portas para os computadores pessoais, impulsionando uma revolução que deu origem a outras duas: a da internet e a da inteligência artificial — área que também tem sido alvo de seu investimento de tempo e recursos. Em sua autobiografia, que será lançada globalmente na próxima terça-feira, 4, intitulada “Código-Fonte: Como Tudo Começou”, publicada no Brasil pela Companhia das Letras, Gates compartilha sobre sua infância, primeiras paixões e aspirações, além dos passos iniciais que o levariam a transformar a civilização, em um percurso que teve Steve Jobs (1955-2011) como rival e parceiro. O livro revela não apenas a trajetória empresarial e intelectual, mas também a origem de uma mente brilhante. “O menino é o pai do homem”, como ensinou o poeta inglês William Wordsworth, uma ideia que foi posteriormente refletida por Machado de Assis em Dom Casmurro. Para entender as nuances da narrativa sobre esse início, nos anos 1970, e suas reverberações atuais, o repórter Caio Saad entrevistou Gates, em uma conversa que pode ser conferida na edição, a qual complementa uma reportagem abrangente sobre uma figura fascinante, que serve de ponte entre o passado e o futuro. Nesse percurso, a publicação se orgulha de ter sempre documentado a vida do criador, o homem que cresceu impulsionado por suas ideias e, a partir delas, construiu um vasto legado de conhecimento humano.