3 março 2025
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Remédio Chinês para Câncer de Pulmão Ultrapassa o Líder de Vendas Globalmente

O DeepSeek surpreendeu globalmente ao introduzir uma inovação inesperada a um custo impressionante. Essa tendência disruptiva, no entanto, não se restringe apenas às grandes empresas de tecnologia; ela também tem se manifestado silenciosamente no setor farmacêutico. No mês de setembro, a Akeso, uma biotecnológica chinesa, fez um movimento significativo ao anunciar um novo tratamento para o câncer de pulmão, abalando o setor. O ivonescimab, a nova terapia vinculada à empresa, foi avaliado em um estudo na China e considerado superior ao Keytruda, um medicamento de destaque desenvolvido pela Merck, que já gerou mais de US$ 130 bilhões em vendas, liderando o tratamento de câncer.

Os pacientes que receberam o tratamento com o ivonescimab apresentaram uma sobrevida livre de progressão de 11,1 meses antes que os tumores voltassem a crescer, em comparação com 5,8 meses para aqueles tratados com Keytruda, segundo dados clínicos apresentados durante a Conferência Mundial sobre Câncer de Pulmão. Nesse contexto, as ações da Summit Therapeutics, a parceira da Akeso nos Estados Unidos, tiveram um aumento significativo, dobrando em valor e alcançando um recorde, indicando um interesse crescente pelo novo medicamento licenciado para os mercados da América do Norte e Europa. Apesar da significância deste acontecimento para a indústria farmacêutica chinesa, o impacto foi subestimado fora do setor. Com a crescente atenção internacional para inovações na China, as perspectivas estão mudando.

A CEO da Akeso, Michelle Xia, afirmou que a indústria de biotecnologia da China está destinada a desempenhar um papel relevante no cenário global. A Akeso reconheceu publicamente o sucesso de superar o Keytruda como um marco significativo. A empresa afirmou que sua inovação provém de um aprofundado entendimento da biologia das doenças e da engenharia de proteínas, além de se beneficiar de um processo de desenvolvimento acelerado e da disponibilidade de talentos qualificados na China.

Desde a década de 1980, quando a China abriu sua economia, o cenário das empresas farmacêuticas passou por transformações. Historicamente, a maioria dessas empresas era estatal e, por um longo período, focavam na replicação de medicamentos existentes. Contudo, na última década, elas começaram a diligenciar inovações significativas, desenvolvendo medicamentos que podem competir diretamente com os produtos occidentais. Aumento nos acordos de licenciamento com parceiros ocidentais, que já somam bilhões de dólares, evidenciam essa nova fase.

Analistas afirmam que a rápida evolução da biotecnologia chinesa é visível, mas anteriormente poucos a viam como uma ameaça real para as grandes inovadoras dos Estados Unidos. Recentemente, no entanto, a situação mudou, e os novos medicamentos desenvolvidos por empresas chinesas estão começando a ser considerados efetivos concorrentes internacionais.

Um relatório da HSBC Qianhai Securities destacou que a China está se firmando como um centro de inovação, com um número crescente de acordos de licenciamento que saltaram de 46 em 2017 para mais de 200 no último ano. O valor total desses acordos cresceu significativamente, de US$ 4 bilhões para US$ 57 bilhões em igual período, ilustrando um crescente dinamismo na indústria.

Os avanços têm sido impulsionados por uma combinação de suporte governamental, investimentos estrangeiros e uma base talentosa de profissionais. Especula-se que, enquanto a biotecnologia chinesa foi anteriormente vista apenas como uma imitadora, no futuro poderá competir com as principais farmacêuticas globais.

Entretanto, dentro da China, o sucesso da Akeso não está isento de controvérsias. O debate sobre a qualidade dos medicamentos genéricos locais é constante, levantando questões sobre a confiança do público. Recentemente, uma suposta deturpação da qualidade dos medicamentos gerou um debate significativo e uma investigação oficial.

Apesar dos esforços das autoridades em assegurar a segurança dos medicamentos, muitos cidadãos ainda expressam um certo desconforto e preferem opções importadas, associando a qualidade a um preço mais alto. Questões anteriores levantadas por investidores americanos também sugeriram desconfianças sobre a veracidade dos dados de ensaios clínicos conduzidos na China. O ivonescimab, embora aprovado para certos grupos de pacientes na China, ainda permanece distante de sua comercialização nos Estados Unidos.

Um ensaio clínico global previsto para o final deste ano poderá proporcionar mais evidências sobre a eficácia do novo medicamento. Este resultado, se favorável, representaria um passo significativo nos avanços que a China tem feito na produção de medicamentos de ponta.

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