Chiquinho Brazão enfrenta acusações de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco. A demora na resposta da Câmara dos Deputados em relação a essas acusações evidencia a continuidade da impunidade. Esse atraso protege os direitos políticos do ex-parlamentar e evita que seus colegas tenham que tomar uma posição clara e decisiva por meio de seus votos.
Em vez de submeter Brazão a um julgamento político, a Mesa Diretora optou por afastá-lo com base em faltas, sem abrir espaço para um debate público. A decisão foi uma manifestação burocrática, planejada para minimizar o custo político da situação, ignorando o impacto no legado de Marielle e de Anderson Gomes.
A não apreciação do caso pelos deputados permitiu que Brazão mantivesse seus direitos políticos, o que significa que um indivíduo acusado de ordenar o assassinato de uma parlamentar pode se candidatar novamente. A democracia aparentou ter agido, mas, na verdade, se fragilizou nesse processo.
A solução encontrada representou uma escolha consciente por uma punição superficial, desviando a atenção do verdadeiro problema. A lentidão no encaminhamento do processo, que foi finalizado no Conselho de Ética, indicava claramente a intenção de contornar a gravidade do caso.
Sete anos se passaram desde o assassinato de Marielle até a decisão da Mesa Diretora. O parlamento levou um ano para finalizar a questão após a prisão de Brazão, ocorrida em março do ano anterior. Essa inação reflete um silêncio cúmplice diante de um caso que demandava uma condenação efetiva, evidenciando que a Câmara optou, uma vez mais, pela conveniência em detrimento da grandeza necessária.