sábado, fevereiro 8, 2025
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Representante do UNICEF: Palestinos Desejam Permanecer em Gaza

“Os palestinos desejam permanecer em Gaza.” Essa afirmação feita pela gerente de comunicação do UNICEF refuta a proposta do presidente dos Estados Unidos de assumir o controle da região devastada. Segundo a representante, os habitantes de Gaza sentem uma conexão profunda com sua terra e seus lares, e muitos deles ficaram separados de suas casas por longos períodos devido à situação de conflito. Agora, eles desejam reconstruir suas vidas nesse território. Ingram, que está em Gaza em uma missão humanitária durante um cessar-fogo, ressalta que as pessoas querem retornar e recomeçar apesar da destruição.

Recentemente, o presidente americano sugeriu que os Estados Unidos poderiam tomar as rédeas do enclave, transformando-o em um destino turístico no Oriente Médio. Essa proposta, que foi amplamente rejeitada pela comunidade internacional, exceto por Israel, inclui a realocação dos palestinos para países vizinhos, como Jordânia e Egito. No entanto, muitos moradores de Gaza também repudiaram essa ideia, enfatizando que permanecer em suas casas é fundamental. Relatos de famílias e crianças indicam que, apesar da destruição, existe um compromisso em reconstruir a região.

Ingram observa que a população local, mesmo em meio à guerra, se mantém conectada ao mundo exterior através das mídias sociais e das notícias. As pessoas querem compreender como estão sendo vistas globalmente e buscam apoio da comunidade internacional. Existe um sentimento de determinação e força entre os palestinos, mas também um profundo cansaço diante das adversidades enfrentadas. Eles desejam a paz, que deve ser construído em Gaza, e anseiam por voltar e reconstruir suas vidas.

Donald Trump não revelou detalhes sobre como seria o processo de controle do enclave, mas suas declarações geraram considerável repercussão no cenário internacional. Muitos países europeus defendem a criação de dois estados, enquanto nações árabes se opuseram à ideia de acolher os mais de dois milhões de habitantes de Gaza que poderiam ser realocados.

Durante as duas primeiras semanas do cessar-fogo em Gaza, mais de 10 mil caminhões com ajuda humanitária entraram na região. O UNICEF destacou que a ONU tem capacidade para fornecer assistência em larga escala, embora as operações tenham sido limitadas durante os confrontos. A ajuda inclui suprimentos para nutrição, kits de higiene, roupas de inverno, lonas para abrigo e serviços de saúde, como vacinação e apoio psicológico.

No entanto, a entrega de ajuda humanitária enfrenta desafios devido ao estado das estradas, que foram danificadas ou bloqueadas por destroços, além da falta de acesso à internet. As necessidades da população são imensas, sendo que a prioridade atual é a reconstrução da vida em meio à devastação.

Muitas pessoas que retornaram ao norte de Gaza esperavam encontrar suas casas ainda de pé e se reencontrar com familiares ausentes. Contudo, na maioria dos casos, encontraram apenas ruínas e sofrimento. Ingram encontra-se no norte da Faixa de Gaza, uma das áreas mais afetadas pelos bombardeios, e relata que a equipe do UNICEF e outras agências da ONU conseguiram acessar a região apenas em momentos oportunos durante o confronto, sendo esta a primeira ocasião em que puderam permanecer.

De acordo com o UNICEF, mais de um milhão de pessoas voltaram ao norte do enclave durante o cessar-fogo, onde tiveram de confrontar a destruição. Muitas optaram por retornar ao sul em busca de suprimentos. Os principais objetivos do UNICEF e das agências da ONU incluem melhorar o abastecimento de água, serviços de saúde e nutrição voltados para as crianças, além de oferecer proteção e apoio em saúde mental.

A maioria dos serviços de saúde e nutrição foi severamente comprometida pelos bombardeios, especialmente no norte de Gaza, que demandou grandes esforços de sobrevivência da população. O Hospital Kamal Adwan, uma das poucas instalações médicas remanescentes no norte, foi totalmente destruído nos últimos meses. Ingram visitou o hospital em abril de 2024, quando ainda estava em funcionamento para atender crianças com problemas nutricionais. Ao retornar, constatou que o local havia sido devassado e que a reconstrução levaria tempo.

Ingram destaca que instituições como o Hospital Kamal Adwan não são exceção, com muitos outros hospitais enfrentando a mesma realidade em Gaza. O Hospital Al-Shifa, um dos maiores complexes da região, também se tornou inoperante durante a guerra, embora tenha reaberto um anexo improvisado para atender à população.

Embora o norte tenha sido a principal linha de combate, o sul também sofreu os impactos das hostilidades. Ao longo do conflito, a cidade de Rafah, no extremo sul, acolheu muitos palestinos que buscavam abrigo das hostilidades no norte. Contudo, a cidade também sofreu sérios danos.

Independente da região, a população continua vivendo intensamente seus sofrimentos, tentando reaver o que se perdeu e reconstruir suas vidas em meio aos escombros. O impacto sobre as crianças é particularmente preocupante, uma vez que a guerra afetou todos os aspectos de suas vidas: acesso restringido a água, noites sem sono devido ao medo, e a impossibilidade de frequentar a escola. A insuficiência de alimentos é uma das maiores preocupações, uma vez que pode levar a problemas sérios de saúde.

Além das implicações físicas, também existem traumas psicológicos significativos entre as crianças que vivenciaram atrocidades inomináveis, como a perda de familiares e a necessidade de amputações sem anestesia. O UNICEF agora se propõe a não apenas fornecer ajuda emergencial, mas também estabelecer programas de saúde mental e assistência social a longo prazo.

Um mês antes do cessar-fogo, a Agência da ONU para os Refugiados da Palestina alertou sobre a gravidade da situação, informando que uma criança morria a cada hora durante o conflito. Atualmente, a primeira fase do cessar-fogo, iniciada em janeiro, deve durar seis semanas, com a promessa de libertação de reféns e a interrupção das hostilidades. Contudo, essa trégua não é garantida, e as partes continuam a negociar a possibilidade de um acordo final.

Os habitantes dessa região vivem com incertezas constantes, sem saber a duração dos conflitos ou como esses afetarão suas vidas e suas famílias. Apesar disso, há uma expectativa de paz e a manutenção do cessar-fogo é vista como crucial para restaurar a esperança entre os palestinos e evitar o retorno da violência, que poderia desferir um novo golpe em suas já fragilizadas esperanças e saúde mental.

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