25 fevereiro 2025
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Reptil Inédito Descoberto no RS Contribui para Estudo da Evolução

Um fóssil de um réptil da Era Mesozoica foi descoberto em Paraíso do Sul, no Rio Grande do Sul. Denominado Retymaijychampsa beckerorum, essa nova espécie pertence ao grupo Proterochampsidae, que inclui répteis conhecidos como proterochampídeos. Estes pequenos carnívoros habitaram a América do Sul entre 237 e 228 milhões de anos atrás e estão entre os parentes mais próximos de jacarés, crocodilos e dinossauros. O fóssil é considerado o mais antigo dessa linhagem já encontrado e contribui para o entendimento da evolução animal.

A pesquisa sobre essa descoberta foi publicada no periódico científico Acta Palaeontologica Polonica, pelo paleontólogo Rodrigo Temp Müller. O fóssil foi doado ao Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da Universidade Federal de Santa Maria (CAPPA/UFSM) em janeiro de 2024, por Pedro Lucas Porcela Aurélio. Müller utilizou marteletes pneumáticos e ácido para realizar a limpeza do fóssil, que estava envolto em uma densa camada de rocha.

A nova espécie Retymaijychampsa beckerorum, assim como outros proterochampídeos, era quadrúpede e carnívora. A descoberta é significativa, pois representa uma das espécies mais antigas do grupo, com características específicas nas patas. Durante a análise dos fósseis, Müller encontrou um membro posterior completo e articulado, que se mostrou mais robusto do que o esperado para um animal com aproximadamente 80 cm de comprimento. A robustez dos ossos sugere que o membro era forte, possivelmente usado para impulsionar o corpo do animal durante emboscadas a suas presas. O nome do gênero Retymaijychampsa reflete essa característica, combinando elementos do grego e do guarani, traduzindo-se como “crocodilo de perna forte”.

A maioria dos fósseis de proterochampsídeos anteriormente encontrados consistia predominantemente em crânios, enquanto demais partes do esqueleto estavam incompletas ou em condição precária. A descoberta do membro completo permitiu a Müller observar diferenças significativas no formato do fêmur em comparação às outras espécies do grupo, o que pode indicar alterações na locomoção ao longo da evolução. Existem duas linhagens de proterochampsídeos: uma, mais abundantemente registrada, apresenta membros menores e comportamento terrestre; a outra, menos frequente, possui membros robustos e está associada a hábitos semi-aquáticos. O fóssil Retymaijychampsa beckerorum se enquadra na segunda linhagem, e sua descoberta é relevante, pois nenhuma outra espécie tão antiga com estas características havia sido identificada, trazendo novo conhecimento à árvore evolutiva desses répteis.

Pesquisadores continuam a explorar a região de Paraíso do Sul. Ao longo de 2024, foram encontrados novos fósseis de Retymaijychampsa beckerorum, e o estado de preservação dos materiais coletados tem gerado expectativas positivas na paleontologia, permitindo que mais informações sejam extraídas desses esqueletos.

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