O ex-presidente Jair Bolsonaro e membros de sua administração utilizaram, no período de 2019 a 2022, pelo menos 41 milhões de reais por meio de cartões corporativos. Esses dados, obtidos a partir de um sistema de auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU), são essenciais para assegurar que o uso de recursos públicos esteja em conformidade com as normas estabelecidas.
Bolsonaro enfrenta diversas investigações, ao menos oito, conduzidas pelo TCU desde novembro de 2022, que se iniciaram após a confirmação da vitória de Lula nas eleições presidenciais. Essas apurações incluem, por exemplo, os gastos relacionados às motociatas extintas e as despesas de Bolsonaro e sua família durante uma viagem a Orlando, nos Estados Unidos, que ocorreu pouco antes da posse do atual presidente. O Ministério Público acusou o ex-presidente e oficiais militares de tentarem subverter a democracia brasileira nesse período.
Até o momento, o TCU ainda não se aprofundou nas investigações referentes às motociatas nem nas ações do ex-presidente durante o final de seu mandato, porém, já identificou que o total gasto com cartões de pagamento do governo federal soma 41.182.928,68 reais. Nas próximas etapas da auditoria, o tribunal irá examinar possíveis irregularidades nas despesas ocorridas enquanto Bolsonaro concorria à reeleição.
Das quantias totais consumidas entre 2019 e 2022, o TCU constatou que:
– Os gastos com hospedagem se destacaram, totalizando R$ 17.262.969,50.
– Em segundo lugar, a alimentação gerou despesas de R$ 13.091.299,72.
– Outros altos dispêndios incluem serviços de apoio administrativo, técnico e operacional (R$ 8.103.180,53), locação de bens móveis (R$ 1.061.470,30) e combustíveis e lubrificantes automotivos (R$ 713.151,45).
O TCU também revisou as despesas referentes ao período de agosto a outubro de 2022, quando Jair Bolsonaro buscava um segundo mandato e promovia intensas campanhas políticas em todo o país. Durante esse período eleitoral, foram instaurados 53 processos internos para ressarcir aos cofres públicos um total de 6,7 milhões de reais, que, segundo a Presidência da República, estão relacionados ao transporte oficial do ex-presidente em eventos de campanha. O Partido Liberal (PL), ao qual Bolsonaro é vinculado, reembolsou essa quantia.
Entre setembro e outubro de 2022, a equipe de apoio e segurança de Bolsonaro apresentou um aumento significativo, alcançando um pico de 1.752 pessoas em setembro e 1.849 em outubro, durante a reta final da campanha. De agosto a novembro daquele ano, os gastos com cartões corporativos na Secretaria de Administração da Presidência aumentaram em aproximadamente 45% em relação ao ano anterior, abrangendo despesas com alimentação, hospedagem e locação de bens.