O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a prisão imediata do ex-presidente da República e ex-senador Fernando Collor, nesta quinta-feira, dia 24. A condenação de Collor dictaminará oito anos e dez meses de detenção em regime fechado, devido à sua envolvêcia em um esquema de corrupção passiva e lavagem de dinheiro que envolvia a antiga BR Distribuidora, hoje conhecida como Vibra. Nesta decisão, Moraes rejeitou um segundo recurso da defesa do ex-presidente, que argumentou que Collor não teria agido sozinho, mas sim sofrido influência sobre a empresa.
Fernando Affonso Collor de Mello nasceu em 12 de agosto de 1949, no Rio de Janeiro. Sua infância e juventude foram também marcadas por períodos em Maceió, onde estava situada a capital de Alagoas, e em Brasília. Seu pai, Arnon Afonso de Farias Mello, foi deputado federal em 1950 e governador de Alagoas entre 1951 e 1956. Arnon de Mello, que faleceu em 1983, era portanto uma figura proeminente, assim como sua mãe, Leda Collor, que tinha relações com o político Lindolfo Collor, ex-deputado federal gaúcho que participou da Revolução de 1930 ao lado de Getúlio Vargas.
Fernando Collor formou-se em economia pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL). Nos anos 70, sua trajetória profissional começou como jornalista na Gazeta de Alagoas, além de administrar os negócios da família em um conglomerado de mídia no Norte-Nordeste. A carreira política de Collor teve início em 1979, quando assumiu a Prefeitura de Maceió aos 30 anos. Três anos mais tarde, foi eleito deputado federal pelo PDS (Partido Democrático Social). Em 1986, foi eleito governador de Alagoas pelo PMDB (atualmente MDB), recebendo apoio de uma ampla coalizão que ia do PDS ao PCdoB.
A campanha de Collor para o governo foi marcada pela temática de combater privilégios, com a promessa de “caçar marajás”, e sua popularidade cresceu rapidamente. Em 1989, ele venceu a eleição presidencial pelo PRN (Partido da Reconstrução Nacional), um partido que reunia dissidentes de vários outros partidos. O segundo turno contou com a participação do candidato Luiz Inácio Lula da Silva, sendo Collor o primeiro presidente eleito diretamente após a ditadura militar, se tornando também o chefe do Executivo mais jovem da história do Brasil.
Durante seu governo de 1990 a 1992, Fernando Collor enfrentou um contexto de hiperinflação e instabilidade econômica. Sua administração focou na abertura do mercado interno às importações, uma tentativa de enxugar a máquina pública e uma série de reformas que incluíram o confisco de poupança dos cidadãos, conhecido como Plano Collor, que visava controlar a inflação, mas acabou gerando descontentamento e insatisfação popular.
O impeachment de Collor ocorreu em 1992, quando seu irmão denunciou um esquema de corrupção envolvendo seu tesoureiro de campanha. Uma CPI foi instaurada e trouxe à tona diversas investigações sobre irregularidades no governo. A pressão popular culminou no pedido de impeachment, resultando na saída de Collor do cargo em outubro de 1992 e sua renúncia em dezembro do mesmo ano, embora tenha tentado preservar seus direitos políticos. Posteriormente, ele foi absolvido de acusações de desvio de recursos por falta de evidências.
Após deixar a presidência, Collor tentou retomar sua carreira política, disputando o governo de Alagoas, sem sucesso, mas sendo eleito senador em 2006. Ele também participou de escândalos relacionados à Operação Lava Jato, tendo seus bens apreendidos durante investigações ligadas à corrupção. Em 2023, o STF condenou Collor por sua participação na interferência na BR Distribuidora e por receber propinas que permitiam contratos irregulares com a empresa UTC Engenharia.
Ao longo de sua carreira política, Collor fez alianças com diferentes presidentes, inicialmente buscando se associar a Luiz Inácio Lula da Silva em sua campanha ao Senado em 2006, mantendo laços com Dilma Rousseff em 2010, até romper com o Partido dos Trabalhadores e apoiar o impeachment de Dilma em 2016. Em anos recentes, Collor também se aproximou do governo de Jair Bolsonaro, destacando-se como um ativo apoio durante a campanha eleitoral de 2022.