14 abril 2025
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Reviver Espécies Extintas: A Perspectiva da Cientista Líder na Inovadora Startup

A bióloga e paleogeneticista Beth Shapiro, docente na Universidade da Califórnia, tem se destacado globalmente por suas pesquisas na área da “desextinção”, que visa reverter a extinção de espécies por meio de técnicas biotecnológicas. Como diretora da startup americana Colossal, ela lidera iniciativas voltadas à ressurreição do mamute lanoso, do tigre-da-Tasmânia, do dodô e do lobo-terrível. Em sua obra “Brincando de Deus” (publicada no Brasil em 2023), Shapiro defende o uso de ferramentas biotecnológicas como sequenciamento genético e edição de genes, com o objetivo de preservar e manter a biodiversidade na Terra.

No contexto do lançamento do livro, Shapiro expôs suas visões sobre a desextinção e a relevância do DNA neste processo. Em entrevistas, destacou a complexidade dos seres vivos, afirmando que a extinção de uma espécie é uma realidade sem volta. Ela alertou que a simples replicação do DNA de uma espécie extinta não é suficiente para reviver esse organismo, uma vez que cada ser é moldado por experiências vivenciadas e condições ambientais específicas. Para exemplificar, Shapiro comparou a ressurreição do mamute lanoso à criação de um híbrido entre um elefante asiático e o ambiente ártico, sublinhando que, sem um habitat apropriado, o resultado final seria distinto de seus ancestrais.

No livro “Brincando de Deus”, Shapiro analisa como a ação humana tem alterado o meio ambiente ao longo dos tempos e como a biotecnologia contemporânea representa um novo capítulo nessa relação. Ela discute as promessas da engenharia genética para a conservação, como a possibilidade de desenvolver sistemas de controle genético que eliminem espécies invasoras ou até mesmo reintroduzam espécies extintas para restaurar ecossistemas deteriorados. Contudo, também expressa a necessidade de cautela em relação a essas intervenções, refletindo a preocupação de ecologistas sobre as consequências de “brincar de Deus” e interferir no curso natural da evolução.

Um dos temas delicados abordados na obra é a edição genética em humanos. Embora se opõe à aplicação dessa técnica para criar seres humanos “superiores”, Shapiro considera o potencial da edição genética para aumentar a resistência humana a vírus, como uma forma de se preparar para futuras pandemias. Ela afirma que a entrada no campo da edição genética em humanos deve ocorrer com responsabilidade, evitando a ambição de criar indivíduos com capacidades extraordinárias ou atributos físicos excepcionais.

Shapiro defende uma abordagem consciente e responsável na aplicação da biotecnologia à natureza. Ela instiga a reflexão sobre o papel da humanidade como agente de mudança no planeta e o potencial das novas tecnologias na preservação da vida, ao mesmo tempo em que destaca as complexidades éticas e ecológicas associadas a esse poder.

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