Candidato à presidência do Partido dos Trabalhadores, o deputado federal Rui Falcão, de São Paulo, considera a proposta de anistia para os condenados pelos eventos de 8 de janeiro de 2023 como “inconstitucional” e acredita que não deve avançar no Congresso. Em declaração a um programa de entrevistas, ele ressaltou que o Supremo Tribunal Federal já se manifestou sobre a questão.
Falcão caracteriza como um erro estratégico a pressão da oposição sobre o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, para que coloque a proposta em pauta. O Partido Liberal (PL), que lidera a solicitação de urgência para o projeto, já obteve as 257 assinaturas necessárias para que a proposta seja discutida, mas ainda depende da decisão de Motta.
Mesmo que a proposta passe pela Câmara, o deputado prevê dificuldades no Senado, uma vez que o presidente da Casa, senador Davi Alcolumbre, não demonstra disposição para avançar com a anistia. Falcão critica a narrativa da oposição, que sugere que a anistia se aplicaria apenas a casos específicos, como o de uma mulher que vendia sanduíches durante os protestos, indicando que a proposta também incluiria a anistia para o ex-presidente Jair Bolsonaro, que já se tornou inelegível por outras infrações.
Em relação à defesa da liberdade de manifestação, um dos argumentos apresentados pela oposição, Falcão enfatiza a importância da responsabilidade. Embora defenda uma maior participação social na política, ele observa que a anistia não deve ser decidida por meio de plebiscito, afirmando que “nenhuma liberdade é absoluta” e que manifestações que ameaçam a democracia não devem ser toleradas.
O deputado também enfatiza a necessidade de mobilização e engajamento social para evitar a repetição de atos criminosos, alertando que eventos como os de 8 de janeiro podem ocorrer novamente e afirmando que “ninguém derrota o fascismo com flores”. Falcão se prepara para uma disputa pela presidência do Partido dos Trabalhadores em julho, representando a ala mais à esquerda da legenda, conhecida como Novo Rumo.