A crescente preocupação com a qualidade do sono e seus efeitos sobre a saúde tem levado à popularização dos ruídos sonoros. Essa técnica, amplamente recomendada nas orientações sobre higiene do sono, sugere que os indivíduos escutem playlists contendo diversos tipos de ruídos sonoros — como ruído branco, rosa, verde ou marrom — para facilitar o adormecimento. Essa abordagem também se aplica a pessoas que preferem adormecer com sons da natureza, como o barulho da chuva, ou os ruídos de aparelhos como ventiladores e ar condicionado.
A eficácia dessa estratégia deriva do fato de que esses sons podem mascarar ruídos do ambiente, que podem ser perturbadores, como os de vizinhos barulhentos ou o tráfego intenso das cidades. Quando expostos a playlists de ruídos sonoros, a quantidade e a diversidade de sons percebidos pelo cérebro diminuem, promovendo maior relaxamento e ajudando na indução do sono. Segundo Michael Grandner, diretor do Programa de Pesquisa de Sono e Saúde da Universidade do Arizona, máquinas de ruído branco operam pelo chamado mascaramento de som, criando uma camada sonora que abafa outras ondas sonoras perturbadoras, permitindo uma melhor qualidade de sono.
Outro fator que contribui para a indução do sono por meio do ruído branco é seu papel como parte do “ritual do sono”. Essa rotina de hábitos noturnos condiciona o cérebro a relaxar. Grandner compara o efeito dos ruídos sonoros a um estímulo condicionado, semelhante ao de um urso de pelúcia que, apesar de não ter função prática, ajuda as pessoas a dormirem ao se tornar parte de seu hábito noturno.
Importante também é a função dos ruídos sonoros na manutenção do sono. Luciana Palombini, pesquisadora do Instituto do Sono e pneumologista, destaca que esses sons podem proteger a qualidade do sono, já que barulhos externos podem perturbar as funções cerebrais durante o descanso. Muitas vezes, pessoas afetadas por esses ruídos permanecem em um estado de sono leve, despertando frequentemente.
Os efeitos dos ruídos sonoros variam de indivíduo para indivíduo. Palombini recomenda que cada pessoa faça testes para descobrir qual tipo de ruído funciona melhor para sua relaxação. As preferências pessoais influenciam a eficácia, uma vez que a intensidade e frequência dos ruídos diferem entre os tipos sonoros.
Embora ruídos como o white noise e green noise possam ser benéficos para o sono, eles são apenas uma parte de um conjunto maior de comportamentos necessários para uma boa noite de descanso. Palombini enfatiza que, além do uso desses sons, é fundamental seguir um ritual de higiene do sono adequado. Isso inclui ações como evitar o uso do celular uma hora antes de dormir, reduzir a iluminação e se abster de substâncias estimulantes antes de se deitar.
A qualidade do sono está intimamente relacionada à organização da rotina diária de cada indivíduo. O sono eficaz resulta de uma abordagem holística que considera todos os aspectos da vida durante as 24 horas do dia.
