Com o falecimento do papa Francisco, ocorre o encerramento de um pontificado caracterizado pela sobriedade e um modo de vida que desafiou tradições antigas. Desde sua eleição em 2013, Jorge Mario Bergoglio optou por rejeitar os privilégios frequentemente associados ao cargo e escolheu viver de forma simples, em consonância com sua espiritualidade. Ao longo de seu mandato, Francisco não aceitou o salário simbólico de 2.500 euros mensais, quantia equivalente a cerca de 15.000 reais, que era recebida por seu antecessor, Bento XVI. Todas as suas despesas, incluindo alimentação, segurança e moradia, foram cobertas pela Santa Sé. Desde o início de seu papado, Francisco se opôs a residir no tradicional apartamento do Palácio Apostólico, optando por viver na Casa Santa Marta, uma residência simples dentro do Vaticano, que anteriormente acomodava visitantes.
As informações são divulgadas formalmente pela Santa Sé, por meio de comunicados e agências de notícias independentes. Segundo a consultoria Trading Economics, a média salarial na Itália deverá chegar a 2.804 euros por mês, aproximadamente 16.800 reais, até o final de 2025, com variações conforme a região, e sem um salário mínimo definido no país. Um trabalhador comum recebe, em média, 1.800 euros mensais, correspondente a cerca de 10.800 reais, enquanto uma babá recebe em torno de 900 euros, ou cerca de 5.400 reais.
A escolha do papa de abdicar de um salário, evitar luxos e manter um estilo de vida modesto foi acompanhada por reformas substanciais. Diante das dificuldades econômicas, especialmente durante a pandemia, Francisco implementou cortes significativos na Cúria Romana. Até 2021, os cardeais recebiam entre 4.000 e 5.500 euros mensais, equivalentes a 24 mil a 33 mil reais. Com novas diretrizes papais, foi aplicado um corte inicial de 10%, seguido por novas reduções. Atualmente, o salário médio de um cardeal é de cerca de 5.000 euros, ou 30 mil reais, embora muitos morem em imóveis da Igreja e recebam benefícios relacionados à função. Muitos cardeais destinam parte de sua renda para obras de caridade ou o sustento de suas dioceses.
Os bispos têm um teto salarial estabelecido em 3.000 euros mensais, aproximadamente 18 mil reais, mas no caso dos representantes da Conferência Episcopal Italiana, o valor líquido recebido raramente ultrapassa 1.500 euros, cerca de 9 mil reais. Em geral, os sacerdotes têm um salário médio de 1.200 euros mensais, ou 7.200 reais. Frades e freiras normalmente não recebem remuneração fixa, exceto quando exercem funções específicas em escolas, hospitais ou órgãos administrativos, com esses valores sendo isentos de impostos, conforme os Pactos de Latrão.
Apesar do esforço em promover uma Igreja mais ética e próxima dos necessitados, o pontificado de Francisco enfrentou escândalos. O caso mais notório foi o do cardeal italiano Angelo Becciu, que foi acusado de má gestão de fundos da Secretaria de Estado em operações financeiras controversas. Esse episódio gerou uma crise de credibilidade e expôs resistências internas às reformas. Em virtude da gravidade do escândalo e da pressão pública, Becciu anunciou que não participaria do conclave.
Poco antes de seu falecimento, o papa Francisco fez um gesto final de generosidade que sintetizou seu legado: doou 200 mil euros, cerca de 1.200.000 reais, oriundos de suas economias pessoais, a um pastifício administrado por presos do presídio romano de Regina Coeli.
