Onze sapos machos ameaçados de extinção, que realizaram uma jornada de 11.000 quilômetros com o objetivo de salvar sua espécie, conseguiram gerar 33 filhotes no Zoológico de Londres. Esses sapos, originários do Parque Tantauco, uma área remota de uma ilha na costa do Chile, pertencem à espécie conhecida como sapo-de-Darwin, que se encontra em grave risco devido a um fungo mortal.
Exclusivamente entre os anfíbios, os machos da espécie sapo-de-Darwin têm a particularidade de carregar os girinos em seus sacos vocais para protegê-los até que atinjam a fase de filhote. O macho então libera uma quantidade que varia de três a sete filhotes. Mesmo na fase adulta, esses sapos são minúsculos, com peso inferior a dois gramas e tamanho inferior a três centímetros, o que dificulta ainda mais sua localização nas florestas.
As florestas densas do Parque Tantauco, que anteriormente ofereciam um habitat ideal para os sapos, foram severamente impactadas pelo fungo quitrídio, que afeta anfíbios globalmente. Em resposta a essa situação crítica, em outubro de 2024, conservacionistas decidiram transferir 52 sapos saudáveis para Londres, onde estariam protegidos do fungo e teriam a oportunidade de se reproduzir.
A transferência dos sapos para Londres envolveu um trajeto complexo, que incluiu uma viagem de barco de seis horas até o continente, seguida de uma longa viagem de carro de 15 horas até Santiago, a capital do Chile, e, por fim, um voo de 14 horas até o Aeroporto de Heathrow. Os sapos foram transportados em caixas especialmente projetadas e com clima controlado.
Com a chegada dos 33 filhotes, o curador de anfíbios do Zoológico de Londres destacou que este desenvolvimento representa um “momento histórico” na conservação da espécie. A criação bem-sucedida dos filhotes pelos pais simboliza uma esperança renovada para a espécie, ressaltando a importância da colaboração entre os conservacionistas e o papel vital que os zoológicos desempenham na conservação.
Os conservacionistas almejam, futuramente, que a população de sapos-de-Darwin possa ser reintroduzida no Chile, assim que o fungo quitrídio estiver sob controle. Atualmente, o Brasil abriga mais de 1.200 espécies de animais que enfrentam o risco de extinção.
