A crescente popularidade dos SUVs, veículos utilitários conhecidos por seu tamanho, tem causado uma diminuição na participação de outros tipos de carros no mercado, tanto global quanto brasileiro. Modelos de peruas, que anteriormente eram considerados ideais para famílias, desapareceram da oferta. De maneira semelhante, hatchbacks, que se destacam pela praticidade e eficiência, também perderam espaço. Os sedãs, veículos caracterizados pela separação entre motor, cabine e porta-malas, estão entre os afetados. As montadoras têm lançado menos modelos dessa categoria, muitas apresentando apenas um único sedã em suas linhas. No entanto, há uma resistência notável: esses veículos continuam a se manter relevantes, evocando a história de Asterix, que resiste à invasão romana.
Apesar de não serem mais considerados os mais estilosos do mercado, os sedãs possuem vantagens práticas. Comumente, eles oferecem melhor eficiência de combustível devido à sua aerodinâmica, estabilidade por serem mais baixos em relação ao solo e espaço de carga superior, especialmente em suas capacidades de porta-malas, em comparação a hatchbacks e até mesmo SUVs. Os sedãs têm uma longa trajetória, remontando ao início do século XX, quando veículos como o Ford Model A foram introduzidos. Ao longo das décadas, vários modelos icônicos foram projetados nesse estilo, incluindo o Cadillac Eldorado dos anos 1950 e o Toyota Corolla, que se destaca como o carro mais vendido globalmente, com mais de 50 milhões de unidades registradas. Entretanto, o contexto atual é de preferência por SUVs.
Dados de venda de veículos no Brasil revelam a situação atual dos sedãs. De acordo com informações da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores, nenhum sedã figura entre os dez veículos mais vendidos em 2024. O Chevrolet Onix Plus ocupa a 11ª posição, com aproximadamente 60 mil unidades emplacadas. Por outro lado, o Toyota Corolla encontra-se apenas na 24ª posição, superado por modelos como o Fiat Cronos e o Hyundai HB20S. O notório predomínio de SUVs e picapes também influencia essa dinâmica. Parte da justificativa está na percepção de que os SUVs possuem maior valor agregado. A versão Cross do Corolla, por exemplo, tem vendido mais que o modelo tradicional, ilustrando essa tendência. Existe ainda a crença de que SUVs oferecem mais espaço e capacidade de carga, o que nem sempre é o caso.
Apesar do cenário desafiador, os sedãs buscam se reinventar, especialmente com a entrada de montadoras chinesas como a BYD. Esta companhia trouxe ao Brasil dois novos modelos: o elétrico Seal, que apresenta características esportivas com mais de 500 cavalos de potência, e o híbrido King, que compete diretamente com o Corolla. Especialistas, como o consultor automotivo Milad Kalume Neto, afirmam que as marcas chinesas buscam se estabelecer como concorrentes, mas também como complementares ao mercado. Embora sua participação nas vendas ainda seja limitada, já são vistas como opções viáveis para os consumidores. Montadoras tradicionais como Fiat, Chevrolet e Volkswagen continuam a oferecer pelo menos um modelo sedã, buscando não abandonar completamente esse segmento, que pode voltar a ganhar relevância.
Uma alternativa para quem ainda aprecia sedãs é o segmento de luxo, que permanece atrativo. Aqueles dispostos a investir mais de 350 mil reais encontram uma ampla variedade de opções. Modelos como o Mercedes C 200, Audi A4 e Porsche Taycan se destacam pelo desempenho e conforto. Kalume Neto observa que o segmento de sedãs de luxo existe e ainda tem seu espaço, reforçando que há também espaço para sedãs convencionais. Semelhante a Asterix, que resiste bravamente, os sedãs buscam se manter no mercado.