5 maio 2025
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Sem Final Feliz: A Netflix Enfrenta os Impactos das Tarifas de Donald Trump

A recente expectativa de que a Netflix estaria imune ao aumento de tarifas proposto por Donald Trump foi frustrada quando o presidente dos Estados Unidos anunciou, em 4 de maio, a implementação de uma tarifa de importação de 100% sobre filmes produzidos fora do país e trazidos para os EUA. Antes da abertura do mercado, as ações da empresa apresentaram uma queda acentuada de 4,93%, atingindo US$ 1.114, sendo a maior desvalorização entre as empresas de mídia. Outras empresas do setor também enfrentaram perdas, como a Disney, que caiu 3,02%, e a Warner Bros Discovery, que recuou 4,33%.

Analistas e investidores acreditam que a Netflix poderá ser severamente impactada por essa política, dado o número expressivo de produtores internacionais que fazem parte de seu acervo, bem como a existência de filmes americanos produzidos no exterior. A suposição anterior de que a empresa poderia se proteger dessas medidas foi inicialmente levantada pelo Bank of America (BofA), que, em um relatório de abril, sugeriu que o crescimento do número de assinantes ao redor do mundo oferecia certa proteção à companhia.

Em 2024, a Netflix alcançou um total de 301,6 milhões de assinantes, representando um aumento de 16% desde 2023. Apesar disso, a empresa suspendeu a divulgação do número de usuários neste trimestre. Além disso, a receita do primeiro trimestre cresceu 12,5% em relação ao ano anterior, alcançando US$ 10,5 bilhões, com projeções de faturamento entre US$ 43,5 bilhões e US$ 44,5 bilhões para o ano.

No entanto, os analistas do BofA não previam a possibilidade de Trump instaurar uma tarifa sobre o setor, uma mudança que deverá impactar as despesas da Netflix e de outras produtoras. O lucro operacional da empresa subiu 27,1% no primeiro trimestre, totalizando US$ 3,3 bilhões.

Embora Los Angeles seja reconhecida como a capital mundial do cinema, muitos estúdios de Hollywood têm transferido produções para diferentes estados e países, buscando reduzir custos. Curiosamente, nenhum dos dez filmes que concorreram ao Oscar de melhor produção na última edição do evento foi filmado na Califórnia.

O analista Barton Crockett, da Rosenblatt Securities, expressou à Reuters que a nova tarifa pode “elevar os custos de produção, levando os estúdios a reduzirem a quantidade de conteúdo produzido”, além de provocar retaliações por parte de outros países.

A decisão de Trump ainda carece de esclarecimentos. Anunciada em sua conta na rede social Truth Social, a medida não especificou se as tarifas se aplicarão a filmes em plataformas de streaming ou apenas a produções cinematográficas. O presidente também não detalhou os critérios que serão utilizados para o cálculo dessas tarifas.

Segundo Trump, a razão para essa medida reside no fato de que a “indústria cinematográfica americana está enfrentando um declínio acelerado” e que outros países têm proporcionado incentivos para atrair produções norte-americanas. O objetivo declarado é reverter essa tendência e incentivar o retorno da produção de filmes aos Estados Unidos.

Apesar da migração de várias produções para o exterior, a indústria cinematográfica norte-americana ainda apresenta números robustos. Informações recentes da American Motion Picture And Television Industry indicam que, em 2023, as exportações de filmes americanos totalizaram US$ 22,6 bilhões.

Nesse cenário, a indústria registrou um superávit de US$ 15,3 bilhões, com as exportações superando as importações em 3,1 vezes. As ações da Netflix, por sua vez, acumulam um crescimento de 13,9% no ano, levando o valor de mercado da empresa a US$ 476 bilhões.

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