“As pequenas coisas que ocorrem em todo o mundo, em diversos lugares, não têm sua importância? O que é pequeno pode, de fato, ter grande impacto.” Essa declaração foi feita por Rei Kawakubo, fundadora e diretora da marca Comme des Garçons, durante uma interação com jornalistas. Kawakubo não se comunica em inglês, e as traduções são realizadas por Adrian Joffe, CEO e esposo dela. Joffe mencionou que a estilista está se distanciando de questões de grande escala, incluindo grandes negócios e sistemas globais. Em uma conversa anterior ao desfile realizado no dia 8 de março, ele ressaltou que Kawakubo tem reagido cada vez mais aos eventos sociopolíticos atuais.
Durante a apresentação da coleção de inverno 2025, os sons de cânticos de mulheres e crianças búlgaras abriram o desfile. Joffe explicou que essas músicas são típicas de áreas rurais, associadas ao trabalho de plantação e colheita. A escolha da trilha sonora reflete a essência de cultura coletiva e independente que caracteriza a marca de origem japonesa.
Os primeiros trajes apresentados foram inspirados em elementos da alfaiataria. Um terno listrado apresentava tiras verticais que pareciam em transformação, enquanto um vestido parecia composto de várias peças de paletó dispostas de maneira inovadora. Com o passar do desfile, novas cores e padrões foram introduzidos, incluindo brancos, vermelhos, vinhos, roxos e rosas, além de florais e xadrezes. Os tecidos acetinados e transparentes também estiveram presentes, juntamente a uma variedade de formas e materiais.
A principal característica dessa coleção é a busca, já conhecida na Comme des Garçons, por desafiar as convenções do que é considerado roupa. O intuito é alcançar novas expressões criativas, emocionais e culturais.
Esse movimento de inovação e exploração é uma tendência que se destaca nesta temporada da Paris Fashion Week. Marcas conhecidas por sua abordagem ousada, como Rick Owens, Issey Miyake e Junya Watanabe, bem como novas marcas da geração atual, têm implementado essa experiência em suas coleções. Além disso, grifes mais estabelecidas, como Givenchy com a estreia de Sarah Burton, Schiaparelli, Alaïa e Dior, também têm explorado essas novas direções.