A maratona de discursos do senador Cory Booker, representante de Nova Jersey, no plenário do Senado, se estendeu da noite de segunda-feira (31) até a manhã de terça-feira (1º). O senador utilizou esse tempo para protestar contra as ações do governo liderado pelo presidente Donald Trump, afirmando que continuará a falar “enquanto for fisicamente capaz”. Sua extensa fala, iniciada às 19h00, horário do leste dos Estados Unidos, ocorre em um momento em que líderes democratas enfrentam pressão crescente de suas bases para adotar uma postura mais firme em relação a Trump.
Booker, que é membro da equipe de liderança do partido no Senado, continuou sua apresentação até as 7h30 do dia seguinte, abordando uma variedade de tópicos. Logo no início de seu discurso, ele destacou: “Eu me levanto com a intenção de interromper os negócios normais do Senado dos Estados Unidos pelo tempo que eu for fisicamente capaz”, acrescentando que essa postura se deve à sua convicção de que o país está enfrentando uma crise. Ele argumentou que, em apenas 71 dias, o presidente havia causado danos significativos à segurança dos cidadãos, à estabilidade financeira e aos princípios fundamentais da democracia.
Durante sua fala, o senador também se posicionou contra potenciais cortes no Medicaid propostos por republicanos, ressaltando os impactos negativos que essas medidas teriam sobre os eleitores e a população em geral. Embora os republicanos tenham afirmado que não cortariam o Medicaid, mencionaram suas intenções de combater desperdícios e fraudes, sugerindo cortes sem esclarecer quais programas seriam afetados.
Booker fez uma referência ao falecido senador republicano John McCain, lembrando do voto decisivo de McCain em uma votação sobre assistência médica em 2017. Ele expressou preocupação com a atual crise de saúde e a falta de soluções adequadas, criticando a abordagem de mudanças incrementais em vez de um plano abrangente para melhora. Com forte emoção, Booker destacou o legado de McCain, afirmando que ele não aprovaria as estratégias atuais que poderiam levar milhões de americanos a dificuldades financeiras e de saúde.
Durante seu discurso, Booker também interagiu com colegas democratas, respondendo a perguntas em diversos momentos. O líder da minoria do Senado, Chuck Schumer, foi um dos que fez perguntas, elogiando a determinação de Booker em abordar desigualdades que afetam a classe média e os mais necessitados. Schumer solicitou que Booker compartilhasse mais sobre a motivação que o levou a realizar essa maratona de falas, para que o público compreendesse a gravidade das questões em discussão.
A senadora Lisa Blunt Rochester também teve a oportunidade de fazer perguntas e compartilhou que havia orado com Booker antes de seu discurso. Em seus comentários, ela ressaltou a importância de abordar problemas sociais de forma significativa e não convencional.
Nos últimos anos, o Senado assistiu a uma série de discursos maratonas, como os de Jeff Merkley em oposição a Neil Gorsuch, Chris Murphy sobre controle de armas, Rand Paul em relação a programas de vigilância, e Ted Cruz contra o Affordable Care Act. O recorde histórico de um discurso mais longo no Senado pertence ao falecido Strom Thurmond, que falou por 24 horas e 18 minutos em protesto contra o Ato de Direitos Civis de 1957.
