O setor de serviços no Brasil, responsável por cerca de 70% do Produto Interno Bruto (PIB), sofreu uma redução de 0,5% em dezembro, marcando o segundo mês consecutivo de declínio e totalizando uma perda de 1,9% no intervalo. Apesar dessa desaceleração, ao comparar com dezembro de 2023, registrou um crescimento de 2,4%, consolidando assim o nono resultado positivo consecutivo. No acumulado de 2024, o setor apresentou um avanço de 3,1%, garantindo assim o quarto ano consecutivo de crescimento, conforme os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na Pesquisa Mensal de Serviços (PMS).
Mesmo diante da queda recente, o setor de serviços encontra-se 15,6% acima do nível registrado antes da pandemia, em fevereiro de 2020, e apenas 1,9% abaixo do recorde histórico observado em outubro de 2024. O gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo, ressalta que o resultado acumulado para 2024 representa a quarta vez consecutiva em que há taxas anuais positivas, algo sem precedentes na série histórica que teve início em 2012. Desde 2021 até 2024, o crescimento acumulado do setor alcançou 27,4%, embora cada ano apresente suas particularidades.
O crescimento de 3,1% no setor de serviços em 2024 foi impulsionado por quatro segmentos específicos, com destaque para informação e comunicação (6,2%) e serviços profissionais, administrativos e complementares (6,2%). No segmento de informação e comunicação, a performance foi favorecida pelos serviços de telecomunicações e pelas tecnologias da informação (TI). No caso dos serviços profissionais, administrativos e complementares, os principais responsáveis pelo crescimento foram a publicidade digital, o aumento da receita de precatórios nas atividades jurídicas, e a intermediação de negócios via aplicativos e plataformas de e-commerce.
Por outro lado, o setor de transportes apresentou desempenho negativo, devido à redução na receita do transporte rodoviário de cargas, refletindo a queda na safra de 2024, o que resultou em um menor volume de fretes. Em dezembro de 2024, a diminuição de 0,5% no volume de serviços foi influenciada por baixas em três dos cinco segmentos analisados. O segmento de “outros serviços” foi o mais afetado, apresentando uma queda de 4,2%, a maior desde janeiro de 2023. Essa redução se deve, em parte, à menor receita na administração de cartões e à queda na demanda por serviços de manutenção de veículos durante o recesso.
As categorias serviços profissionais, administrativos e complementares (-0,7%) e informação e comunicação (-0,7%) também mostraram quedas. Em contrapartida, os serviços prestados às famílias aumentaram 0,8%, com uma alta acumulada de 7,8% entre maio e dezembro. O setor de transportes avançou levemente, registrando um aumento de 0,1%. O turismo teve um desempenho favorável em dezembro, subindo 2,8% em relação a novembro e alcançando um nível 14,6% superior ao patamar pré-pandemia. Ao longo do ano, o turismo registrou crescimento de 3,5%, com estados como São Paulo (4,1%), Rio de Janeiro (1,4%) e Bahia (11,3%) se destacando.
O transporte de passageiros também teve um aumento de 0,9% em dezembro, após uma queda de 6,3% no mês anterior, totalizando uma alta de 2,8% no acumulado do ano. Por outro lado, o transporte de cargas teve uma diminuição de 1,3% em dezembro, resultando em uma perda de 2,7% nos últimos dois meses de 2024. Apesar dessa retração recente, o segmento ainda se encontra 31,8% acima do nível pré-pandemia.