Os shoppings enfrentam desafios com a crescente popularidade do comércio eletrônico, que atrai consumidores e resulta no fechamento de várias lojas de departamento. A busca por valor e experiência imediata de compra está levando desenvolvedores a reimaginar a experiência de varejo, criando ambientes onde os consumidores possam residir perto de suas lojas e restaurantes preferidos. O modelo de uso misto, que combina residências, academias, hotéis, centros de saúde, escritórios, restaurantes e opções de varejo, está se apresentando como uma alternativa aos shoppings tradicionais, segundo especialistas em varejo.
Apenas uma pequena fração dos shoppings, cerca de 30%, é considerada de “nível A”, com vendas superiores a 400 unidades por metro quadrado. Esses centros comerciais estão se saindo bem, enquanto outros buscam se reinventar após os impactos da pandemia. Os novos empreendimentos de uso misto diferem dos shoppings clássicos da década de 1970, agora incluindo uma mistura de lojas, restaurantes e serviços, como bancos e agências de serviços públicos, além de residências.
Uma análise recente revelou que cerca de 46% das reformas em shoppings são para criar espaços de uso misto. Tradicionalmente, os shoppings contavam com lojas âncoras, como grandes redes de departamento, que atraíam consumidores. Entretanto, atualmente, cerca de 30% das remodelações de grandes âncoras estão sendo convertidas em moradias, refletindo uma mudança na estratégia de engajamento com a comunidade.
A conversão de espaços comerciais em apartamentos está se tornando atraente para jovens profissionais que buscam conveniência e um estilo de vida ativo. Com o aumento do interesse por residências próximas a centros comerciais, incorporadoras estão investindo no desenvolvimento de novas unidades habitacionais em áreas urbanas. A atração de um público mais jovem está ligada à criação de ambientes que incentivem a socialização e o entretenimento.
Um exemplo de adaptação bem-sucedida é a reforma de um antigo espaço comercial em um centro ambulatorial e a construção de prédios residenciais em locais como Moorestown, Nova Jersey. Além disso, o projeto de um shopping em Seattle inclui um complexo médico e um novo edifício residencial, representando a tendência de integração de serviços e habitação.
Shopping centers ao ar livre também estão se tornando populares, permitindo uma experiência de compra mais integrada com a comunidade. Um exemplo disso é o FlatIron Crossing, que está desenvolvendo um local de entretenimento anexo a uma comunidade residencial, prevendo inaugurações para os próximos anos. As antigas lojas de departamentos também estão sendo reaproveitadas para criar moradias em áreas suburbanas.
A nova abordagem de uso misto busca se alinhar ao desejo de um estilo de vida mais urbano e acessível, com opções promocionais e de entretenimento para atrair moradores. Contudo, a implementação desse modelo enfrenta obstáculos, como a resistência das comunidades locais e as preocupações com a infraestrutura já existente.
O conceito de shopping mixado deve evoluir além do varejo tradicional, tornando-se um componente essencial da vida urbana contemporânea. Melhorar o tempo de permanência dos consumidores nos shoppings é uma estratégia importante, visando incrementar o fluxo de visitantes. O apelo para as novas gerações implica em oferecer experiências que vão além das compras, focando em opções de entretenimento e socialização.
Por fim, as críticas a esse modelo incluem preocupações sobre o aumento do tráfego e possíveis problemas de infraestrutura. O impacto ambiental deve ser considerado, assim como a necessidade de serviços públicos adequados. Além disso, futuros moradores devem estar cientes das desvantagens de viver em um local de alto movimento, que pode limitar privacidade e conforto.