12 junho 2025
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Sinais de Satélites Starlink Colidem com a Tecnologia de Sensores Terrestres

Um estudo recente revelou um problema inesperado relacionado aos satélites da Starlink, uma rede de internet via satélite criada pela empresa SpaceX. Pesquisadores australianos identificaram que esses satélites estão emitindo ondas de rádio indesejadas, que causam interferência em telescópios utilizados para a observação do universo primitivo, correspondente aos períodos logo após a formação das primeiras estrelas.

Essas ondas são emissões involuntárias, não associadas à transmissão de internet, e parecem surgir de circuitos internos dos satélites. O desafio se agrava, pois esses vazamentos ocorrem em frequências determinadas para uso científico, de acordo com normas internacionais, com uma intensidade que supera em 10 mil vezes os sinais cósmicos que os astrônomos buscam captar.

Consequentemente, telescópios como os do projeto SKA-Low, que está em fase de construção na Austrália, podem ter até um terço de suas informações comprometidas em determinadas frequências. Isso prejudica pesquisas destinadas a detectar os sinais provenientes de antigas nuvens de hidrogênio, datadas de 13 bilhões de anos atrás, antes da formação das primeiras galáxias.

Em resposta ao problema, a Starlink já havia colaborado anteriormente com astrônomos, desativando temporariamente feixes de internet ao sobrevoar locais de observação. Contudo, esse novo tipo de interferência apresenta mais desafios, uma vez que não é oriundo da antena principal dos satélites, mas de componentes internos, similar a um aparelho eletrônico que continua emitindo sinal mesmo em modo silencioso.

Embora tais emissões não sejam proibidas pelas regulamentações vigentes, o estudo revitaliza o debate sobre a necessidade de novas diretrizes para salvaguardar as pesquisas científicas. Na esfera técnica, existem possíveis soluções; uma delas inclui o redesenho dos satélites para mitigar o vazamento de sinal, enquanto outra envolve o desenvolvimento de programas para limpar os dados coletados pelos telescópios. No entanto, essa filtragem demanda um poder de processamento significativo, maior do que o necessário para a análise dos dados.

Os pesquisadores já comunicaram suas descobertas à SpaceX, que se mostrou disposta a discutir possíveis ajustes. Apesar disso, a expansão de megaconstelações como a Starlink apresenta um novo desafio para a ciência: a investigação dos mistérios do universo está sendo impactada pela crescente “poluição” do céu com sinais originados na Terra.

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