sexta-feira, janeiro 31, 2025
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Sobrevivente de campo de concentração renuncia a homenagem

Albrecht Weinberg, um dos últimos sobreviventes do campo de concentração de Auschwitz, revelou sua decisão de devolver a medalha da Ordem do Mérito da Alemanha, a qual recebeu em 2017. Esta atitude é uma forma de protesto contra a nova aliança política entre os conservadores da União Democrata Cristã (CDU) e o partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD). Essa decisão foi tomada após o Parlamento germânico aprovar, em uma votação realizada na quarta-feira, 29, uma moção que é contrária à imigração.

Em uma entrevista a um jornal britânico, Weinberg manifestou sua indignação diante dos resultados da votação, afirmando que a colaboração no Parlamento o remete à ascensão do regime nazista na década de 1930. Ele se questionou: “Eles não aprenderam nada com a Segunda Guerra Mundial?”.

Weinberg, que celebrará seu centésimo aniversário em março, passou mais de 60 anos nos Estados Unidos antes de retornar à Alemanha. Desde que voltou para o país, ele se comprometeu a educar as novas gerações sobre os horrores do regime nazista, compartilhando sua vivência pessoal e as tragédias que marcaram sua família. O fotógrafo Luigi Toscano, que é amigo de Weinberg e lidera o projeto “Lest We Forget”, que documentou as histórias de 400 sobreviventes do Holocausto, também optou por devolver sua condecoração em sinal de protesto.

Após a Segunda Guerra Mundial, os partidos moderados tradicionais na Alemanha sempre se opuseram a qualquer tipo de colaboração com a extrema-direita, um princípio que se tornou conhecido como “cordão sanitário”. No entanto, a recente aliança entre a CDU e a AfD para aprovar a proposta de imigração mobilizou amplas críticas, sendo percebida por muitos como uma violação desse princípio fundamental.

A ex-chanceler Angela Merkel foi uma das primeiras a expressar sua reprovação, enfatizando que nunca deveria haver qualquer forma de colaboração com a AfD, mesmo que considerada “acidental”, como argumentou o líder da CDU, Friedrich Merz.

A votação ocorrida na quarta-feira no Bundestag, que representa uma mudança significativa na campanha eleitoral da Alemanha antes da votação marcada para 23 de fevereiro, ocorreu poucas horas antes das celebrações do 80º aniversário da libertação do campo de Auschwitz.

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