13 fevereiro 2025
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Somente 27% das Mulheres em Cursos de Ciências Conquistam a Graduação

A porcentagem de mulheres que se formam em cursos de ciências, tecnologia, engenharia e matemática (STEM) no Brasil sofreu uma significativa diminuição desde o início da pandemia da Covid-19. Em 2019, 53% das mulheres que ingressaram nessas áreas conseguiram completar sua formação, em contraste com 37% dos homens. A partir de 2020, ambos os percentuais apresentaram queda, sendo a diminuição mais acentuada entre as mulheres. Em 2023, apenas 27% das mulheres e 23% dos homens concluíram seus cursos, resultando em uma redução de 48% na taxa de formação das mulheres e 36% na dos homens.

Essas informações foram coletadas pela Nexus – Pesquisa e Inteligência de Dados, baseadas em dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), e foram divulgadas na última terça-feira, no Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência. De acordo com o CEO da Nexus, Marcelo Tokarski, os dados desde a pandemia são alarmantes, uma vez que a taxa de conclusão de cursos tem diminuído para ambos os sexos, mas com uma queda mais significativa entre as mulheres, possivelmente devido a fatores econômicos, como desemprego e redução de renda, além das demandas relacionadas às responsabilidades familiares.

Francilene Garcia, vice-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), acrescenta que em períodos de crise, o papel das mulheres nas famílias tende a aumentar. Ela ressalta que a pandemia impactou intensamente as mulheres, criando uma pressão adicional sobre elas para assumir papéis dentro do núcleo familiar, o que pode ter dificultado a continuidade de sua formação acadêmica. A vice-presidente também destaca a importância de revisar e ajustar políticas afirmativas, como bolsas de estudos e editais voltados para mulheres, para garantir que elas possam concluir suas formações.

As áreas de atuação em ciências, tecnologia, engenharia e matemática ainda apresentam uma predominância masculina no Brasil, embora o interesse por essas áreas por parte das mulheres tenha aumentado na última década. Em 2023, 74% dos ingressantes nos cursos de STEM eram homens, enquanto 26% eram mulheres. Apesar da representação feminina ser menor, houve um crescimento no número de mulheres que ingressaram em cursos de ciências exatas e biológicas, saltando de 176.547 em 2013 para 227.317 em 2023, o que representa um aumento de 29%. Entretanto, o crescimento entre os calouros homens foi ainda maior, alcançando 56%.

Os dados indicam que a presença masculina continua a ser predominante no ambiente acadêmico de ciências, engenharia, matemática e tecnologias, evidenciando que ainda existem barreiras que dificultam a atração de mulheres para esses cursos. Vale ressaltar que, apesar do número reduzido de mulheres, a taxa de conclusão costuma ser superior à dos homens todos os anos.

Os cursos de STEM podem ser organizados em três categorias principais: ciências naturais, matemática e estatística, computação e tecnologias da informação e comunicação (TIC), e engenharia, produção e construção. Em 2023, 48% das mulheres que ingressaram em cursos de STEM optaram por engenharia, enquanto 43% escolheram computação e 9% selecionaram ciências naturais. Apesar da engenharia ainda ter a maior porcentagem de mulheres calouras, a tendência aponta para uma diminuição na busca por esses cursos ao longo da última década, evidenciada por uma queda de 21% no interesse. Por outro lado, a área de computação mostrou um aumento de 368% no número de mulheres ingressantes, e as ciências naturais também experimentaram um crescimento de 11%.

Francilene Garcia enfatiza que uma maior presença de mulheres e uma diversidade mais ampla promovem melhores resultados científicos. Ela pontua que a ciência se beneficiará pela diversidade e pluralidade, permitindo um melhor entendimento dos fenômenos contemporâneos e questões locais, assegurando um equilíbrio nas representações de gênero nas investigações científicas.

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