Uma cápsula espacial soviética, que deveria ter pousado em Vênus, está prestes a retornar à Terra após mais de cinquenta anos. A NASA anunciou que a Kosmos 482, lançada em 1972, deverá reentrar na atmosfera entre os dias 7 e 13 de maio, com o dia mais provável para a descida sendo sábado, dia 10. O módulo, parte de uma missão que não conseguiu deixar a órbita terrestre, tem circulado como lixo espacial. Agora, seu final está se aproximando e algumas partes da cápsula podem sobreviver à reentrada.
A localização exata da queda da cápsula ainda não pode ser prevista com precisão. Projeções feitas por especialistas indicam que a cápsula poderá atingir qualquer ponto entre as latitudes 52°N e 52°S, abrangendo uma vasta área da superfície terrestre, que vai do Reino Unido até as Ilhas Malvinas. A incerteza na trajetória é influenciada pela dinâmica da órbita baixa e pela radiação solar, que afeta as camadas da atmosfera. Durante períodos de maior atividade solar, essas camadas se expandem e aumentam o atrito sobre os objetos orbitais, acelerando sua descida — é este atrito que está trazendo a Kosmos 482 de volta.
Embora a cápsula seja robusta — projetada para soportar as condições da atmosfera de Vênus —, especialistas acreditam que a maior parte dela queimará ao entrar na atmosfera terrestre. Contudo, alguns fragmentos podem resistir à intensa calor e atingir o solo, causando um impacto semelhante ao de um meteorito. Devido à grande extensão de oceanos que cobre o planeta, a probabilidade de que os detritos caiam em áreas habitadas é considerada baixa.
Esse não é o primeiro momento de atenção em relação à Kosmos 482. Em 2019, surgiram alertas sobre uma queda iminente que não se concretizou, e a Agência Espacial Europeia havia previsto que a cápsula reentraria em algum momento da década de 2020 — previsão que agora parece se confirmar. Entretanto, incertezas sobre o evento ainda devem continuar até os momentos finais.
Caso o módulo reentre durante a noite sobre uma área habitada, o fenômeno poderá ser visível como um meteoro luminoso no céu, potencialmente deixando rastros brilhantes. Cientistas e observadores continuam a monitorar o objeto em sua trajetória.