O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), homologou um acordo envolvendo a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), cinco dirigentes da entidade e a Federação Mineira de Futebol (FMF) na última sexta-feira, dia 21. Com essa decisão, foram validadas a Assembleia Geral Extraordinária e a Assembleia Geral Eleitoral, que resultaram na eleição de Ednaldo Rodrigues como presidente da CBF em março de 2022. Ednaldo continua à frente da CBF até 2026, tendo seu cargo anteriormente ameaçado pela ação no STF, que agora foi encerrada.
Segundo Gilmar Mendes, o acordo estabelecido prevê o fechamento de todos os processos judiciais que discutem a legalidade das Assembleias mencionadas. O acordo foi assinado por Antônio Carlos Nunes de Lima (Coronel Nunes), Castellar Neto, Fernando Sarney, Gustavo Feijó, Rogério Caboclo, a Federação Mineira de Futebol, além da própria CBF. Em dezembro de 2023, Ednaldo Rodrigues enfrentou um afastamento temporário devido a essa disputa judicial, e caso a ação não tivesse sido resolvida, uma nova eleição seria necessária.
A origem do processo que levou ao afastamento de Ednaldo Rodrigues remonta a 2018, quando o Ministério Público do Rio de Janeiro questionou a eleição de Rogério Caboclo, que precedeu Ednaldo. O MP alegou que o estatuto da CBF estava em desacordo com a Lei Pelé, pois estabelecia pesos diferentes nas votações para a escolha dos presidentes. Os representantes das 27 federações estaduais tinham peso 3, enquanto os 20 clubes da Série A e os 20 da Série B tinham pesos de 2 e 1, respectivamente. Em 2021, a Justiça anulou a eleição de Caboclo e determinou uma intervenção na CBF, nomeando dois interventores. No entanto, essa decisão foi revertida em breve.
Posteriormente, a CBF e o Ministério Público chegaram a um acordo extrajudicial, formalizando um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC). Na nova eleição de 2022, Ednaldo Rodrigues, que era presidente interino, foi eleito para um mandato completo de quatro anos. No entanto, Gustavo Feijó, que era vice durante a gestão de Caboclo, impetrou um recurso para anular o TAC e afastar Ednaldo, alegando que faltava competência ao juiz de primeira instância. O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro acatou o pedido em 7 de dezembro.
Em 4 de janeiro de 2024, Gilmar Mendes concedeu uma liminar que permitiu o retorno de Ednaldo à presidência da CBF até que a questão fosse decidida pelo plenário. O caso já foi pautado várias vezes, mas as deliberações foram adiadas. A solicitação para a recondução de Ednaldo partiu do PC do B, e Mendes argumentou que a falta de reconhecimento da decisão do TJ-RJ pela FIFA poderia prejudicar o Brasil em ações urgentes, como a inscrição para o Pré-Olímpico masculino de Paris-2024.
A participação do PC do B na situação se relaciona ao secretário-geral da CBF, Alcino Reis Rocha, que possui laços com o partido, tendo atuado em diversos cargos no Ministério do Esporte entre 2006 e 2011. Durante o período de quase 30 dias em que Ednaldo esteve afastado, a CBF foi liderada por José Perdiz de Jesus, presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), que iniciou o processo para uma nova eleição, no qual surgiram dois pré-candidatos: Flávio Zveiter, ex-chefe do STJD, e Reinaldo Carneiro Bastos, atual presidente da Federação Paulista de Futebol.