sexta-feira, janeiro 31, 2025
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Suposta participação de Michelle em investigações: o que há?

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro foi mencionada no primeiro depoimento de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, à Polícia Federal. Nesse depoimento, foi apontado que políticos e militares promoviam ideias de um golpe de estado e que o ex-presidente era envolvido em tramas relacionadas a esse plano. Cid alegou que Michelle fazia parte de um grupo mais extremista que cercava o ex-presidente e acreditava em fraudes nas urnas, defendendo, assim, um golpe.

De acordo com Mauro Cid, esse grupo não era devidamente organizado, mas se reunia ocasionalmente com Jair Bolsonaro para discutir e defender a estratégia do golpe. Entre as ações desse núcleo, estavam tentativas constantes e mal-sucedidas de encontrar irregularidades nas urnas eletrônicas. Além de Michelle, o grupo incluía nomes como o ex-assessor internacional Filipe Martins, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, o ex-ministro Gilson Machado, os senadores Jorge Seif e Magno Malta, o ex-ministro Onyx Lorenzoni e o general Mario Fernandes, que atualmente está preso.

A delação de Mauro Cid foi integralmente divulgada por um veículo de comunicação no último domingo, e partes-chave do depoimento já haviam sido abordadas anteriormente em reportagens. As informações principais que surgiram do depoimento foram antecipadas em algumas edições do veículo, incluindo detalhes sobre os ataques aos sistemas e instituições, além das tentativas diretas de golpe e subversão do Estado democrático.

Ainda segundo investigações apuradas, apesar da menção a Michelle, a Polícia Federal não conseguiu encontrar provas contra a ex-primeira-dama, o que levou a sua não inclusão na lista de acusados após a finalização do inquérito. O depoimento também trouxe à tona outros políticos, como os senadores Flávio Bolsonaro e Ciro Nogueira, além do ex-Advogado-Geral da União. Esses membros de um grupo considerado “bem conservador” orientavam Jair Bolsonaro a se posicionar como um grande líder da oposição e a direcionar o povo.

A respeito da postura dos altos comandos das Forças Armadas, Cid relatou que o Almirante Almir Garnier, comandante da Marinha, estava favorável a uma intervenção militar, colocando seus homens à disposição, desde que houvesse adesão do Exército. Em contrapartida, o Brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Junior, da Aeronáutica, se mostrava firme contra qualquer tentativa de golpe de estado, ao passo que o chefe do Exército, General Marco Antônio Freire Gomes, ficava entre as opiniões dos dois, sem se comprometer.

Mauro Cid, em seu depoimento, afirmou que Jair Bolsonaro recebia frequentemente pessoas no Palácio da Alvorada após o período eleitoral e que elas se dividiam em três grupos. Um dos grupos, que era bem conservador, aconselhava o então presidente a se posicionar como líder da oposição, acreditando que o povo seguiria suas direções. Este grupo incluía nomes conhecidos, políticos e militares.

Outros grupos, segundo Cid, eram compostos por moderados e radicais. Os moderados, embora discordassem do rumo do país e dos abusos, entendiam que nada poderia ser feito após as eleições, pois qualquer movimento poderia levar a um regime militar prolongado, o que eles se opunham totalmente. Uma das subdivisões do grupo radical estava em busca de fraudes nas urnas, enquanto outro grupo era a favor de um braço armado e de um golpe de estado.

Cid detalhou como, embora alguns tentassem identificar fraudes nas urnas, a maioria dos dados se mostrava inadequada e insustentável. Os encontros das figuras radicais como Filipe Martins e outros juristas miravam o ex-presidente, pressionando-o a agir. Cid também mencionou um documento elaborado por esse grupo que pedia ordens específicas, incluindo prisões de ministros do Supremo Tribunal Federal.

Após receber o documento, Jair Bolsonaro fez alterações e se reuniu com generais, buscando compreender sua resposta. No encontro, o Almirante Garnier demonstrou-se disposto a agir militarmente, na condição de que o Exército também se envolvesse. Em contraste, o Brigadeiro Baptista Junior se opôs veementemente a qualquer golpe, e o General Freire Gomes deixou claro sua hesitação em legitimar qualquer proposta não constitucional.

Durante este período conturbado, o ex-presidente buscou mobilizar apoio popular e acreditar na possibilidade de fraudes eleitorais, mantendo distância de ações diretas contra os manifestantes nas ruas. O ingresso de certas figuras no Palácio da Alvorada e a preocupação com eventuais prisões foram também temas abordados nas conversas entre colaboradores e Jair Bolsonaro, reforçando a complexidade do cenário político que se desenrolava ao redor dessas tramas.

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