Na manhã do dia 19 de agosto, no horário local, a Suprema Corte dos Estados Unidos decidiu suspender a deportação de imigrantes que poderiam ser afetados pela Lei de Inimigos Estrangeiros. Essa medida foi adotada em um caso que envolve um grupo de imigrantes venezuelanos no Texas, que alegam que o governo Trump está se preparando para deportá-los. A ordem foi brevemente emitida e enfrentou a oposição dos juízes conservadores Samuel Alito e Clarence Thomas. Os advogados dos venezuelanos apresentaram um recurso de emergência na Suprema Corte no dia anterior, informando que esses indivíduos estão em risco imediato de deportação e que não receberam aviso suficiente para contestar essa ação.
Na ordem emitida, a Suprema Corte não detalhou a justificativa por trás de sua decisão. O tribunal determinou que o governo Trump deveria responder ao recurso de emergência assim que o tribunal federal de apelações na Louisiana tomasse providências a respeito do caso. Enquanto isso, a corte descreveu que “o governo está instruído a não deportar nenhum membro da suposta classe de detidos dos Estados Unidos até nova ordem deste tribunal.” Anteriormente, um juiz federal em Washington, D.C., informou aos advogados dos migrantes no Texas que, apesar de suas preocupações, ele não possuía autoridade para suspender as deportações, embora estivesse sensível à situação.
O juiz distrital James Boasberg expressou sua simpatia, mas ressaltou que não poderia intervir. Durante uma audiência de emergência na noite de sexta-feira, ele questionou um advogado do governo sobre a possibilidade de continuidade das deportações no final de semana. O advogado do Departamento de Justiça, Drew Ensign, declarou que, mesmo sem voos programados, o Departamento de Segurança Interna se reservava o direito de prosseguir com as deportações.
Os advogados dos migrantes buscaram também a intervenção do Tribunal de Apelações do 5º Circuito dos EUA, que supervisiona os recursos provenientes do Texas. Eles, representados pela União Americana pelas Liberdades Civis e pela Democracy Forward, recorreram a Boasberg em busca de assistência emergencial em relação ao uso da Lei de Inimigos Estrangeiros por parte do presidente Donald Trump, uma legislação militar do século XVIII. Esse caso já havia sido levado à Suprema Corte antes, e os juízes determinaram que os imigrantes poderiam contestar suas deportações apenas em tribunais das regiões onde estão detidos.
Boasberg destacou que seria complicado justificar sua intervenção, especialmente considerando a situação do caso no 5º Circuito e na Suprema Corte. A atual disputa reflete a continuidade do governo em realizar deportações com base na Lei de Inimigos Estrangeiros, a qual permite uma flexibilização dos procedimentos dos estatutos de imigração que normalmente regem o processo de remoção de imigrantes nos EUA. Em uma audiência mais recente, um advogado dos migrantes comentou que houve relatos de detenções em progresso e pediu a Boasberg que suspendesse, mesmo que temporariamente, os planos do governo.
Boasberg lançou um processo de desacato contra o governo por supostamente desrespeitar uma ordem anterior que buscava interromper as deportações que estavam sendo planejadas sob a referida lei, porém, esse mandado foi posteriormente anulado pela Suprema Corte. Na noite de sexta-feira, um tribunal de apelações decidiu suspender administrativamente os planos de Boasberg, permitindo que a corte avaliassse se os procedimentos deveriam seguir adiante. A ordem não assinada emitida pela Suprema Corte na ocasião anterior determinava que o governo deveria garantir notificação adequada aos migrantes, permitindo que eles contestassem suas remoções.
Durante a audiência, o advogado da ACLU, Lee Gelernt, apresentou novas evidências relacionadas à notificação recebida pelos migrantes a respeito de suas deportações. Ele informou que as notificações foram dadas com menos de 24 horas de antecedência, sem oferecer uma opção clara para contestação. Uma fotografia de uma dessas notificações foi apresentada em tribunal. Em resposta, Ensign enfatizou que, embora a ordem da Suprema Corte indicasse a obrigatoriedade de notificação, não estabelecia que o governo deveria fornecer um espaço para contestação das deportações. Ele destacou que qualquer pessoa que desejasse contestar sua remoção teria um processo disponível para fazê-lo.
Boasberg expressou preocupação em relação ao modo como a notificação estava sendo conduzida, questionando sua conformidade com a decisão da Suprema Corte. Contudo, ele acrescentou que não se sentia habilitado para conceder reparação neste caso específico.