O ex-embaixador do Brasil em Washington e atual presidente do Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior, Rubens Barbosa, afirmou que as tarifas propostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, estabelecem um ambiente de concorrência predatória no comércio internacional. Sua análise indica que a política comercial do governo americano tem gerado um nível de incerteza sem precedentes globalmente, resultando em um impacto negativo na previsibilidade do comércio exterior.
Barbosa enfatiza a fragilidade da Organização Mundial do Comércio (OMC) diante das ações do governo Trump. Ele observou que as tarifas devem ser aplicadas em duas situações: contra países que impõem tarifas elevadas sobre produtos americanos e aqueles que possuem barreiras que limitam a entrada de produtos dos EUA. No caso do Brasil, a penalização estaria relacionada ao segundo cenário, devido a mecanismos antidumping, subsídios a indústrias locais e restrições legais existentes.
De acordo com Barbosa, as medidas que o Brasil adotou estão em conformidade com as normas estipuladas pela OMC. Contudo, do ponto de vista da administração Trump, tais permissões da OMC parecem atrapalhar as relações comerciais com os Estados Unidos. Espera-se que, em um anúncio previsto para a quarta-feira, Trump divulgue um conjunto de tarifas recíprocas destinadas a seus parceiros comerciais. Em resposta a isso, a União Europeia já manifestou a intenção de implementar sua própria retaliação.
Além disso, no Brasil, a Comissão de Assuntos Econômicos do Senado aprovou um projeto que visa estabelecer uma política de reciprocidade econômica para tributar países que prejudicarem produtos brasileiros. Barbosa alerta que Trump já sinalizou a possibilidade de aumentar ainda mais as tarifas caso os países reajam com medidas semelhantes, caracterizando assim um potencial aumento nas tensões comerciais.
Ele destacou que esta situação poderia levar a uma guerra comercial, coisa que atenderia a nenhum dos lados envolvidos, já que todos poderiam ser prejudicados por uma desaceleração econômica, fenômeno que já foi observado em momentos anteriores da história. Apesar das incertezas, Barbosa acredita que o Brasil deve aguardar as reações de parceiros comerciais, como China e Europa, antes de tomar uma decisão sobre como responder a essa questão.
