O presidente dos Estados Unidos assinou uma ordem executiva neste sábado (1) que estabelece uma tarifa de 25% sobre as importações provenientes do México e do Canadá, além de uma tarifa de 10% sobre os produtos que chegam da China. Esta decisão reflete as promessas de campanha do presidente, que se alinhavam à ideia de elevar as tarifas. No entanto, esse movimento contraria a perspectiva de muitos economistas, que acreditam que a implementação de tarifas mais altas pode impactar negativamente os consumidores.
Historicamente, o presidente havia defendido o aumento das tarifas, que são impostos aplicados sobre os bens que são importados ao país. Durante sua campanha, ele declarou que pretende implementar uma tarifa de 25% sobre todas as importações da Canadá e do México a partir do primeiro dia de seu mandato. Ele também anunciou uma tarifa adicional de 10% para produtos trazidos da China, acumulando-se às tarifas já existentes.
Após a posse, o presidente manifestou sua intenção de aplicar essas tarifas em 1º de fevereiro. Porém, ao invés de impor a tarifa total inicialmente planejada sobre as importações da energia canadense, uma tarifa de somente 10% foi aplicada para minimizar possíveis aumentos nos preços do gás nos Estados Unidos, conforme informado por um de seus assessores de comércio.
Esta nova ordem foi uma continuidade das ações tomadas no início do segundo mandato do presidente, quando ele direcionou várias agências federais a explorarem a introdução de uma “política comercial América Primeiro”, que envolve tarifas. Um relatório com suas descobertas deve ser apresentado até o 1º de abril, e ele tem demonstrado que está considerando a possibilidade de tarifas mais amplas sobre todas as importações internacionais.
Em análises anteriores, o presidente havia proposto um aumento de tarifas que poderia variar entre 10% a 60% em relação aos bens importados da China, uma elevação significativa comparada às taxas de aproximadamente 1% e 11% observadas durante o governo do seu sucessor. A pesquisa realizada pela Wolfe Research e reportada por veículos de comunicação destaca que o ônus financeiro das tarifas pode ser dividido entre as empresas americanas que importam, os consumidores e as empresas internacionais, que podem ajustar seus preços em resposta às tarifas.
Economistas do Goldman Sachs preveram um aumento de 0,1% nos preços dos bens de consumo para cada ponto percentual de aumento na tarifa efetiva, o que potencialmente aumentaria a inflação por um ano. Além do aumento nos preços dos produtos importados, estima-se que os preços dos bens produzidos internamente também podem subir, uma vez que os fabricantes americanos poderiam elevar seus preços devido à maior eficiência reduzida entre os concorrentes no mercado.
De acordo com o Instituto Peterson de Economia Internacional, uma análise recente apontou que a proposta tarifária do presidente resultaria em danos significativos à economia americana, citando uma provável diminuição no consumo, aumento do desemprego e desaceleração do crescimento econômico.
O presidente também sugeriu a possibilidade de avançar com a implementação de tarifas universais, embora os detalhes e a temporalidade de tal ação permaneçam indefinidos. A pressão para implementar tarifas mais altas pode resultar em um nível de imposto significativamente superior ao estabelecido anteriormente.
Projeções do PIIE indicam que as propostas tarifárias poderiam impor um custo adicional de US$ 1.700 (aproximadamente R$ 9.935) anualmente sobre as famílias de classe média. Para os que se encontram na metade inferior da distribuição de renda, a previsão é de uma redução de 3,5% na renda familiar ajustada com impostos devido às tarifas.
Por sua vez, o Center for American Progress estimou que, se as tarifas impostas fossem de 20%, o custo adicional anual poderia alcançar US$ 3.900 (cerca de R$ 22.800) para famílias de classe média. Pesquisadores do PIIE também afirmaram que não encontraram evidências que indicassem que as tarifas resultariam em preços mais acessíveis para os consumidores americanos, mostrando que as tarifas foram repassadas aos consumidores desde sua implementação em 2017.
Um dos principais argumentos em defesa das tarifas é que elas visam proteger a indústria nacional e criar empregos. Entretanto, críticos do plano expressaram preocupações sobre os impactos econômicos negativos potenciais, especialmente na relação com empresas do Canadá, do México e da China.
As tarifas propostas focam predominantemente nas importações dos referidos países, abrangendo uma gama de produtos. O Canadá, como maior fornecedor de petróleo bruto para os Estados Unidos, e o México, como o principal parceiro comercial, têm suas economias potencialmente impactadas. A China, por sua vez, é responsável por uma vasta gama de importações que incluem produtos eletrônicos, equipamentos e maquinários.
Ainda não está claro se o aumento das tarifas será acompanhado de cortes de impostos que poderiam atenuar os impactos financeiros para os consumidores. Análises indicam que o presidente pode ser capaz de aumentar as tarifas de forma unilateral, mas a implementação de uma tarifa universal de forma mais abrangente pode enfrentar obstáculos. Além disso, as reações de outros países às novas tarifas permanecem incertas, especialmente em relação a uma possível retaliação, como ocorreu em seu primeiro mandato.