O fundador e presidente da Amazon, Jeff Bezos, tem cultivado uma relação estratégica com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Desde a eleição, Bezos tem demonstrado proximidade com o presidente, parabenizando-o publicamente nas redes sociais e marcando presença em sua posse, evento que contou com uma doação da Amazon.
Até o momento, Bezos se mostrou cauteloso ao discutir tarifas comerciais. Em uma publicação em redes sociais, ele comentou sobre os efeitos negativos que tarifas podem ter ao selecionar “vencedores e perdedores” no mercado. Atualmente, Estados Unidos e China estão envolvidos em um intenso conflito comercial que resultou em tarifas de 125% sobre produtos americanos e uma tarifa unificada de 145% imposta pelos EUA.
Recentemente, a Amazon foi uma das grandes impactadas por uma queda significativa nas ações, com uma perda de 9% no valor das ações em um dia, o que representa uma redução de aproximadamente US$ 16 bilhões em seu valor de mercado. Essa queda foi acentuada pelo fato de a Amazon depender consideravelmente de produtos fabricados na China. Na sequência, as ações continuaram a cair, com uma nova queda de 2% no dia seguinte.
Especialistas indicam que as tarifas aumentam os custos dos produtos importados, especialmente aqueles que vêm da China. Isso não apenas afeta a Amazon, como também toda a indústria de varejo. Os setores mais vulneráveis incluem eletrônicos, vestuário e itens domésticos, já que a Amazon tem uma forte dependência da manufatura chinesa. Analistas estimam que 40% a 70% dos produtos vendidos pela Amazon sejam importados, a maioria vinda da China.
No entanto, existem possíveis vantagens competitivas para a Amazon nessa situação. Analistas afirmam que se as tarifas permanecerem, todos os concorrentes enfrentarão as mesmas pressões que a Amazon, o que significa que os consumidores poderão continuar optando por sua conveniência, como a entrega rápida. A Amazon está em uma posição sólida para responder às mudanças de preço, podendo repassar custos aos consumidores, reduzir margens dos fornecedores ou absorver parcialmente os aumentos, dependendo da duração e da gravidade das tarifas.
O impacto cumulativo das tarifas pode eventualmente levar a uma situação em que tanto consumidores quanto vendedores absorvem os custos adicionais. A Amazon, com sua robusta logisticidade e capacidade de adaptação, pode se beneficiar em relação a seus concorrentes. Além disso, a empresa possui forte desempenho financeiro, especialmente por meio do seu setor de serviços em nuvem, que teve grande contribuição para seu lucro em anos recentes. Essa divisão é menos suscetível a impactos diretos de tarifas.
As novas regulamentações sob a administração Trump podem, ainda, oferecer à Amazon uma vantagem sobre concorrentes chineses que atuam com preços baixos. A revogação de regras que permitiam a isenção de tarifas em produtos de menor valor impacta diretamente empresas como Shein e Temu, cujos produtos frequentemente custam menos.
Entretanto, ainda é cedo para determinar o resultado final das tarifas comerciais, especialmente se elas forem utilizadas mais como uma ferramenta de pressão do que como uma medida permanente em um conflito econômico. Analistas continuam a expressar otimismo em relação ao valor das ações da Amazon, e a maioria recomenda a compra delas. A empresa permanece em uma posição que possibilita sua continuidade e adaptação em um mercado em constante transformação.