Milhares de litros de vinho espumante italiano, encomendados antes da imposição das tarifas planejadas pelo governo americano, estão atualmente a caminho dos Estados Unidos. No entanto, antes da entrega, os destinatários podem enfrentar custos significativos devido a tarifas adicionais, preocupando tanto consumidores quanto empresas americanas.
Os proprietários de pequenos negócios relatam que se sentem paralisados pela incerteza causada pelo aumento das tensões comerciais. As tarifas em potencial estão impactando diversos setores de produção e vendas, e muitos empresários desconhecem quando os Estados Unidos poderão solucionar os conflitos comerciais existentes, especialmente com o Canadá. Há uma ameaça atual de uma tarifa de 200% sobre bebidas alcoólicas da União Europeia, especificamente direcionada após a proposta da UE de aumentar as taxas sobre whisky americano, uma resposta a tarifas já aplicadas pelos EUA sobre aço e alumínio.
Esse clima de incerteza tem deixado as empresas em uma posição vulnerável, sem clareza sobre a eficácia das negociações em andamento. Em contrapartida, as autoridades europeias estão adiando suas próprias tarifas retaliatórias para facilitar o diálogo, na esperança de mitigar os efeitos de uma guerra comercial que muitos não desejavam.
Indivíduos do setor, como Phil Mastroianni, fundador de uma marca de limoncello, expressam preocupação com os impactos financeiros potenciais nas operações de seus negócios. A Fabrizia Spirits, que depende de ingredientes importados, como limões da Sicília, aguarda a entrega de vinhos espumantes para a produção de novos produtos, mas teme que os custos de tarifas possam inviabilizar sua estratégia, considerando uma possível conta adicional de até US$ 70.000.
Como resposta, Mastroianni e sua equipe estão explorando alternativas logísticas para minimizar os impactos, incluindo a possibilidade de descarregar em outros locais. Embora a empresa tenha se unido a um movimento contra as tarifas, há um ar de esperança de que a situação pode ser negociada favoravelmente.
Com o ambiente comercial incerto devido às tarifas, os produtores de vinho na Califórnia enfrentam dificuldades. Muitos deles não estão renovando contratos devido à falta de segurança no mercado, o que pode levar a decisões difíceis relacionadas ao cultivo. A região, que historicamente se beneficiou das exportações para o Canadá, agora se depara com prateleiras vazias, uma vez que os vinhos americanos foram retirados do mercado canadense.
Este cenário, somado ao aumento nos custos de produção devido a normas mais rígidas e questões climáticas, apresenta um desafio significativo para a indústria vinícola. Apesar da pressão externa, há uma perspectiva de que as tarifas poderiam ajudar a equilibrar o mercado, uma vez que a produção europeia é frequentemente subsidiada, tornando-a mais competitiva em termos de preço.
Enquanto isso, as vendas de vinhos europeus nos Estados Unidos estão aumentando, uma vez que os consumidores buscam adquirir seus produtos favoritos antes do possível aumento de preços. Esse comportamento de compra reflete uma expectativa de escassez futura, levando a um aumento na demanda por vinhos franceses e italianos.
Com a mudança nas tendências de consumo, é provável que as alternativas de bebidas mais acessíveis ganhem força, impactando também os restaurantes que poderão ter dificuldades em manter uma variedade de opções acessíveis aos clientes. Assim, mesmo que as tarifas tenham um caráter temporário, elas estão, de fato, moldando o futuro das compras de bebidas alcoólicas no mercado americano, trazendo à tona questões importantes sobre a viabilidade e as estruturas de preços no setor.